Haddad defendeu que proposta de tributação fosse anunciada somente no próximo ano
Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Haddad defendeu que proposta de tributação fosse anunciada somente no próximo ano

Antes do  seu anúncio desta quarta-feira (27), o ministro da Fazenda , Fernando Haddad , foi derrotado em sua tentativa de evitar a associação entre o pacote de corte de gastos e a taxação de super-ricos, medida que financiará a ampliação da isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5.000 por mês.  

Segundo a Folha de SP, a decisão foi tomada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante reunião com ministros na última segunda-feira (25). Estiveram presentes, além de Haddad , o futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.  

Apesar de Haddad ter defendido que a proposta de tributação fosse anunciada somente no próximo ano, prevaleceu a avaliação política de que o ajuste fiscal deveria ser acompanhado de um esforço coletivo.  

Argumentos divergentes  

Haddad e Galípolo insistiram na separação dos anúncios para evitar reações negativas do mercado financeiro. Durante a reunião, Galípolo, atual diretor de Política Monetária do BC, apresentou a “leitura” do Banco Central sobre a urgência de medidas para contenção de gastos, segundo fontes presentes.  

Mesmo após o encontro, Haddad e Galípolo discutiram o assunto por cerca de 40 minutos no Ministério da Fazenda. Contudo, a preocupação econômica deu lugar à estratégia política, e o pacote foi apresentado incluindo a taxação como contrapartida aos cortes de gastos.  

Reação do mercado  


A inclusão da medida gerou receio na área econômica quanto à reação do mercado, que se concretizou nesta quarta-feira (27), com um desempenho negativo das bolsas e alta do dólar. A avaliação da equipe econômica era de que o pacote era “corajoso” por buscar equilíbrio fiscal com justiça social, mas temia-se que o mercado interpretasse mal a combinação de aumento de arrecadação com corte de gastos.  

Antes do anúncio oficial, Haddad foi aconselhado a gravar um pronunciamento para explicar as medidas sob o lema “Brasil mais forte, governo eficiente e país justo”. No entanto, a estratégia vazou, e rumores já circulavam nas mesas do mercado financeiro antes do anúncio.  


Além disso, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, antecipou informações em entrevista, confirmando a inclusão da taxação dos super-ricos no pacote, o que desarticulou a comunicação planejada pelo Ministério da Fazenda.  

Pressão política  

A proposta de taxar os super-ricos já havia sido discutida no início de novembro como uma forma de equilibrar os cortes que afetariam benefícios sociais. Colaboradores de Lula insistiram na inclusão da medida para demonstrar que o ajuste fiscal também impactaria as camadas mais altas da pirâmide de renda.

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