Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira
Lula Marques/ Agência Brasil
Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira

O Brasil deve assinar na próxima segunda-feira (17) um acordo com a Argentina para ampliar as importações de  gás natural argentino, com o objetivo de reduzir o custo do insumo no mercado brasileiro. O ministro de Minas e Energia , Alexandre Silveira , falou sobre o acordo em entrevista e disse que será formalizado em paralelo às reuniões dos chefes de Estado do G20, que ocorrem no Rio de Janeiro. A informação é do jornal O GLOBO.

O principal objetivo da parceria é abrir novas rotas para o transporte do gás proveniente do megacampo de Vaca Muerta, na Argentina, atualmente subaproveitado. A expectativa do governo brasileiro é que o acordo permita a importação de 2 milhões de metros cúbicos de gás argentino por dia já no início de 2025. Este volume de importação, entretanto, aumentaria gradualmente, chegando a 10 milhões de metros cúbicos diários nos próximos três anos e podendo alcançar até 30 milhões de metros cúbicos por dia até 2030.

Atualmente, o mercado brasileiro consome entre 70 milhões e 100 milhões de metros cúbicos de gás por dia.

"Nós queremos aumentar a oferta de gás no Brasil e consequentemente diminuir o preço. Isso porque, nós precisamos, além de tratar o gás como uma energia de transição, aumentar o volume para diminuir o preço e reindustrializar o Brasil," disse Silveira ao GLOBO.

O gás natural tem papel fundamental na indústria brasileira, mas o alto custo do insumo tem prejudicado a competitividade do país. A expectativa do governo é que o gás de Vaca Muerta, que custa cerca de US$ 2 por milhão de BTUs na Argentina, chegue ao Brasil por um valor entre US$ 7 e US$ 8, o que representa uma redução considerável em relação ao preço praticado atualmente no Brasil, que é em média de US$ 13,82 por milhão de BTUs, segundo o setor industrial.

Silveira detalhou que, como parte do entendimento com a Argentina, foram previstas cinco rotas possíveis para o envio do gás argentino ao Brasil. A primeira delas envolve o aproveitamento da estrutura do Gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol), uma vez que o fluxo de gás da Bolívia ao Brasil está abaixo da capacidade. Atualmente, a Bolívia envia ao Brasil apenas 15 milhões de metros cúbicos por dia, quando deveria entregar 30 milhões de metros cúbicos diários.

Como O GLOBO noticiou em abril, o governo já estudava com a Argentina a possibilidade de inverter o fluxo do Gasoduto Norte, do país vizinho, para enviar gás argentino em direção à Bolívia e, de lá, aproveitar a estrutura do Gasbol para entregar o insumo ao mercado brasileiro.

Além disso, outras rotas possíveis incluem a construção de um novo sistema de gasodutos que atravessaria a região do Chaco paraguaio, com a realização de um estudo para avaliar a viabilidade dessa proposta, e uma conexão direta entre os gasodutos argentinos e o município de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, dependendo da conclusão da segunda parte do Gasoduto Néstor Kirchner, na Argentina.

A transição energética e o futuro do gás

Durante a entrevista, Silveira também abordou o impacto da reeleição de Donald Trump nas negociações relacionadas à transição energética. Segundo o ministro, Trump será uma "voz forte, mas isolada" no cenário global, especialmente quando se trata das questões climáticas e de uma economia verde.

"Aqueles que não apostarem nessa economia vão perder de uma forma ou de outra," acrescentou Silveira.

Além disso, questionado sobre líderes como Georgia Meloni, primeira-ministra da Itália, que defende a expansão da energia nuclear, o ministro brasileiro afirmou que o Brasil está estudando a possibilidade de se tornar um fornecedor de urânio, dada a grande reserva do país desse mineral.

"Nós temos uma outra Petrobrás enterrada. Com somente 27% do solo brasileiro conhecido, nós já somos a sétima maior reserva do mundo de urânio. Se nós tivemos mais pesquisas geológicas, eu tenho absoluta certeza que o Brasil ficará entre os três maiores reservas ," concluiu Silveira.

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