Haddad informou que as reuniões para definir as medidas foram concluídas, mas que Lula apresentará as propostas aos presidentes do Legislativo
Redação GPS
Haddad informou que as reuniões para definir as medidas foram concluídas, mas que Lula apresentará as propostas aos presidentes do Legislativo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ( PT ) criticou, nesta quarta-feira (6), a pressão do mercado por um corte de gastos públicos , afirmando que o ajuste fiscal não pode penalizar as pessoas mais vulneráveis.

A declaração foi dada em entrevista à Rede TV !, onde Lula reforçou a necessidade de um debate amplo sobre a responsabilidade do setor privado e do Congresso na contenção de despesas.

"Veja, eu não posso adiantar porque a gente ainda não concluiu o pacote. Eu tô num processo de discussão muito, muito séria com o governo porque eu conheço bem o discurso do mercado, conheço a gana especulativa do mercado. E eu, às vezes, acho que o mercado age com uma certa hipocrisia, com uma contribuição muito grande da imprensa brasileira, para tentar criar confusão na cabeça da sociedade", afirmou Lula.

O presidente da república também cobrou a colaboração do congresso sobre a medida.

"Se eu fizer um corte de gastos para diminuir a capacidade de investimento do orçamento, a pergunta que eu faço é o seguinte: o Congresso vai aceitar reduzir as emendas de deputados e senadores para contribuir com o ajuste fiscal que eu vou fazer? Porque não é só tirar do orçamento do governo. Os empresários que vivem de subsídio do governo vão aceitar abrir mão um pouco de subsídio para a gente poder equilibrar a economia brasileira? Vão aceitar? Eu não sei se vão aceitar", questionou.

Debate interno 


A equipe econômica do governo, liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vem discutindo a agenda de corte de gastos para adequar o orçamento ao arcabouço fiscal. 

Em declaração na última terça-feira (5), Haddad informou que as reuniões para definir as medidas foram concluídas, mas que Lula apresentará as propostas aos presidentes do Legislativo, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, antes de anunciá-las publicamente.

Nos últimos dias, o governo intensificou encontros com ministros para definir os ajustes que garantam o cumprimento do arcabouço fiscal.  O ministro da Fazenda, que adiou uma viagem à Europa para acompanhar as discussões, permaneceu no Brasil a pedido do presidente, frente ao momento de alta inflação e volatilidade do dólar .

A falta de detalhamento sobre os cortes tem gerado apreensão no mercado financeiro, impactando o valor do dólar, a Bolsa de Valores e a curva de juros futuros. 

Proposta pode ser apresentada amanhã


Fernando Haddad disse agora à noite que caso as conversas sobre a proposta ocorram até o início da tarde desta quinta-feira (7), as ações podem ser anunciadas no mesmo dia.

Segundo o ministro, faltam apenas dois detalhes jurídicos para fechar o pacote, antes de o presidente Lula tomar a decisão definitiva sobre as medidas. 

“Pacote de corte de gastos deve ser anunciado nesta semana. Eu creio que a reunião de amanhã é uma reunião que pelo nível de decisão que vai ter que ser tomada por ele [presidente Lula], são coisas realmente muito singelas para decidir”, disse o ministro. 

Haddad ressaltou que a equipe econômica e o presidente Lula reuniram-se com todos os ministérios envolvidos nas medidas: Previdência, Desenvolvimento Social, Trabalho e Emprego, Saúde e Educação.

Sem adiantar medidas, o ministro afirmou que o pacote será composto por uma proposta de emenda à Constituição e um projeto de lei complementar. Alguns pontos foram retirados porque gerariam economia pequena sobre o Orçamento. “Não adianta levantar uma proposta com uma bandeira polêmica que tenha baixo impacto fiscal”, declarou ao sair do Ministério da Fazenda.

Haddad não comentou a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a Taxa Selic (juros básicos da economia) em 0,5 ponto percentual, para 11,25% ao ano. O ministro afirmou não ter tido tempo de ler o comunicado emitido após a reunião e disse que esperará a ata, que só sairá na próxima terça-feira (12), para opinar sobre a decisão do Banco Central.


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