Ministro avalia retorno do horário de verão, mas diz que ideia ainda vai ser estudada
Fernando Frazão/Agência Brasil
Ministro avalia retorno do horário de verão, mas diz que ideia ainda vai ser estudada

O governo federal deve decidir, ainda nesta semana, se o Brasil irá retomar o horário de verão , encerrado em 2019. A reavaliação da medida foi impulsionada pela seca que afeta o país e a necessidade de estratégias para economizar energia. O Ministério de Minas e Energia está considerando a proposta de adiantar os relógios em uma hora como forma de amenizar os efeitos da falta de chuvas e a ausência de geração de eletricidade.

O ministro Alexandre Silveira disse que essa mudança poderia ser benéfica em um "momento crítico" para o sistema elétrico, em que o calor intenso e o aumento do consumo durante os horários de pico, que hoje ocorrem no meio da tarde, geram desafios adicionais.

No entanto, estudos realizados anteriormente indicam que o horário de verão poderia ter o efeito inverso, resultando em um aumento no consumo de energia devido a novos padrões de uso. Apesar das questões técnicas, a decisão final será política e envolverá discussões com o Palácio do Planalto, uma vez que persiste a incerteza sobre os reais benefícios da medida.

O aumento do consumo em horários de pico é um dos fatores que motivam essa discussão. O ministro Silveira também apontou que, no início da noite, quando o consumo é elevado, o sistema perde geração de fontes intermitentes, como a solar e a eólica, obrigando a utilização de termelétricas e mais hidrelétricas para atender à demanda.

Durante um evento no Palácio do Planalto, o vice-presidente Geraldo Alckmin minimizou a possibilidade de racionamento de energia, mas reconheceu que a volta do horário de verão é uma "alternativa" em análise diante da seca prolongada. “Não vai faltar energia, mas precisamos da colaboração de todos. O horário de verão pode ser uma boa estratégia para economizar energia”, afirmou Alckmin.

Em setembro do ano passado, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) destacou em nota que a adoção do horário de verão gera impactos positivos na economia, com um aumento de 10% a 15% no faturamento do setor entre 18h e 21h durante esse período. A Abrasel argumenta que a medida também promove um “terceiro turno” para os estabelecimentos, beneficiando o consumo e a frequência de clientes, além de ajudar na economia de energia e na redução de custos operacionais.

Histórico

O horário de verão foi abolido no início do governo Jair Bolsonaro, em 2019, após uma avaliação que indicou que a medida não fazia mais sentido do ponto de vista do setor elétrico. A decisão também se baseou em preocupações com a saúde, já que mudanças nos horários podem afetar o sono e a saúde cardiovascular de algumas pessoas.

Em setembro de 2023, uma nova análise do Ministério de Minas e Energia havia descartado a volta do horário de verão, justificando que a mudança nos hábitos de consumo fez com que o adiantamento dos relógios não resultasse mais em redução significativa do consumo elétrico.

No começo do ano passado, em uma enquete informal nas redes sociais, Lula questionou se a população era a favor ou contra a volta do horário de verão, recebendo uma resposta positiva em favor da medida. Durante o governo Bolsonaro, a decisão de acabar com o horário de verão também foi respaldada por pesquisas de opinião que mostravam a aprovação da maioria da população em relação ao fim da prática.

Criado por um decreto de Getúlio Vargas, o horário de verão foi implementado pela primeira vez em 3 de outubro de 1931. A medida passou por interrupções ao longo das décadas, até que foi reintroduzida em 1985, permanecendo até 2019, quando a mudança foi extinta. A expectativa é que a decisão do governo Lula possa influenciar a gestão da energia e a economia do país em tempos de crise hídrica. 

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