O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vem criticando a atuação do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira (26) que ainda não pensa no nome que irá substituí-lo. Ele afirmou, porém, que não indicará o próximo comandante da autoridade monetária pensando em um nome que agrade ao mercado financeiro. As declarações foram dadas em entrevista ao portal Uol.
Questionado sobre os nomes de Guido Mântega e Aloísio Mercadante, Lula reafirmou que escolherá o próximo nome de acordo com "os interesses do Brasil", e que o "mercado precisa se adaptar a isso".
Além disso, voltou a questionar a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 10,5% .
"É preciso que os empresários do setor produtivo, ao invés de reclamar do governo, deveriam fazer passeata contra a taxa de juros, porque são eles que estão sofrendo com isso. Nós precisamos caminhar para uma taxa compatível à necessidade do país crescer, ao mesmo tempo em que mantém a inflação controlada", disse Lula.
Lula vem criticando Campos Neto devido à manutenção dos juros altos no país. O presidente do BC tem mandato até o final do ano. Depois disso, o governo faz uma indicação que deve passar pelo Congresso Nacional.
Críticas ao mercado
Durante a entrevista, Lula também criticou o "nervosismo" do mercado financeiro, mas prometeu fazer um "pente-fino" nos gastos do governo .
Segundo ele, haverá um debate com a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para averiguar se há necessidade de cortes orçamentários ou se é caso de aumento na arrecadação.
"Gasto está sendo bem feito? Acho que está. Nós estamos fazendo uma análise de onde tem gasto exagerado, que não deveria ter, onde tem pessoas que não deveriam receber e estão recebendo", disse o presidente.
"O problema não é que tem que cortar, o problema é saber se precisa efetivamente cortar, ou se a gente precisa aumentar a arrecadação. Temos que fazer essa discussão", explicou Lula, que completou: "Problema no Brasil é que a gente diminuiu muito a arrecadação."
Desoneração da folha
Lula também criticou a desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia: "Se eu desonerar uma empresa, tem que haver uma contrapartida ao trabalhador, senão eu estou beneficiando apenas o empresário. E aqui no Brasil se há um projeto de desoneração por 5 anos, depois aprovam um projeto de mais 5 anos, e assim por diante".
Questionado sobre a alta na inflação de alimentos, o presidente prometeu debater no âmbito da reforma tributária uma taxação mais eficiente dos produtos da cesta básica, onerando mais os alimentos de alto padrão.
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