O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a manutenção da taxa de juros em 10,5% pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) não vai impactar o crescimento econômico do país e que tem "confiança nas pessoas indicadas", mesmo que a decisão tenha interrompido a sequência de sete cortes consecutivos na Taxa Selic e ignorado as pressões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em evento no Rio de Janeiro nesta quarta-feira (19), de início, o ministro afirmou que não iria comentar a decisão antes de ler o comunicado que saiu e a ata a ser publicada sobre a decisão do Copom. Entretanto, em seguida, Haddad disse estar otimista sobre o crescimento econômico do país.
“Eu tenho confiança nas pessoas indicadas. Eu acho que nós vamos seguir o rumo forte da economia. A economia vai crescer, vai gerar emprego, nós estamos no caminho certo”, disse o ministro na cerimônia de premiação do Faz Diferença, do jornal O GLOBO, no Rio, em que ele foi reconhecido como a personalidade da Economia em 2023.
A manutenção na taxa de juros foi decidida por unanimidade. O presidente do BC Roberto Campos Neto e todos os diretores do Copom - inclusive os indicados por Lula - votaram por manter a Selic em 10,5%.
Haddad aproveitou para fazer um afago aos poderes Legislativo e Judiciário, aos quais também atribuiu o crescimento econômico de 2023.
“Dizer que o que foi enaltecido aqui não teria sido possível sem o apoio dos poderes da República. O Congresso ajudou muito o Brasil e o Judiciário tem feito seu trabalho”, afirmou.
O ministro reforçou seus votos de otimismo pelo crescimento da economia nacional. “Eu acredito piamente que, se os poderes democráticos se organizarem, nós podemos oferecer mais e melhor para este país que tem tantas oportunidades pela frente”, finalizou.
Comunicado do BC
No comunicado sobre a decisão, divulgado nesta quarta, o Copom ressaltou que "eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta", e adicionou que a taxa Selic será mantida sem alterações por um longo período.
O BC repetiu que "monitora com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros". O comitê aproveitou o comunicado para reforçar que a atividade econômica no Brasil continua mais forte que o esperado.
PT e Lula sobem o tom
Antes mesmo da decisão do Copom e do BC, Lula já criticava as instituições financeiras. Em entrevista à Rádio CBN na terça-feira (18), Lula disse que o Banco Central é a "única coisa desajustada" no Brasil e o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, "trabalha para prejudicar o país".
Após a decisão, outros membros da sigla criticaram o Banco Central. Na plataforma X, a presidente partido, Gleisi Hofman, disse que não vê risco de estouro da inflação e, por isso, não há justificativa técnica, econômica e muito menos moral para manter a taxa básica de juros.
O líder do governo na Câmara, José Guimarães, classificou a medida "uma sabotagem a todos os esforços do governo para o crescimento do Brasil".
Quer ficar por dentro das principais notícias do dia? Clique aqui e faça parte do nosso canal no WhatsApp