João Fantazzini, tutor de Joca
Arquivo pessoal
João Fantazzini, tutor de Joca

O Ministério de Portos e Aeroportos e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) anunciaram o lançamento de uma política nacional para transporte aéreo de animais. O anúncio aconteceu nesta quinta-feira (25), em uma reunião com representantes da GOL, Latam, Azul Linhas Aéreas e Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear)

A medida é uma reação após  o caso do Golden Retriever Joca, que morreu na segunda-feira (22), enquanto era transportado em um voo da GOL. 

Caso Joca

Na segunda-feira (22),  Joca morreu dentro de um avião da Gol.  Ele deveria ter embarcado com destino a Sinop, em Mato Grosso, junto com o seu tutor, João Fantazzini Júnior. Contudo, por um erro da empresa, a aeronave pousou em Fortaleza, no Ceará. O caso foi registrado como crime de abuso a animais. A Delegacia de Investigação de Crimes Contra o Meio Ambiente está à frente do caso.

Segundo a família,  a empresa não proporcionou os cuidados necessários  ao animal. João disse que apresentou um atestado veterinário à companhia aérea, indicando que o animal suportaria uma viagem de até duas horas e meia. Contudo, com o erro da Gol, Joca ficou quase 8 horas na aeronave.

O animal tinha cinco anos e foi transportado por engano para Fortaleza. Ele ainda ficou cerca de 1h30min na pista de embarque e desembarque, em uma temperatura de aproximadamente 36°C. Joca ficou dentro do canil sem comida ou água, segundo a família.

"Não tem ninguém que aguente uma pista aérea com 36°C de sol. Ele fechado na caixa. Não tiraram ele da caixa, ele voltou todo molhado", relatou João à TV Globo .

Como o tutor soube do engano?

João e Joca estavam de mudança para Sorriso (MT). Quando João chegou em Sinop, foi procurar o cachorro e recebeu a notícia de que o animal não estava lá, mas sim a caminho de Fortaleza. A Gol perguntou então se o tutor gostaria de retornar a São Paulo para buscá-lo.

A companhia concedeu voo de ida e volta de Mato Grosso a São Paulo gratuito para João, além de hospedagem. O tutor aceitou e, quando chegou em São Paulo, foi recebido por um funcionário da companhia. Ao pousar no estado paulista, ele aguardou o voo de Joca, que estava vindo de Fortaleza.

João, então, foi avisado que o cachorro tinha passado mal. A companhia informou ainda que um veterinário foi requisitado. O profissional teria visto Joca três horas após o desembarque em São Paulo.

“[Disseram que] ele não se sentiu bem no voo, perguntei se ele tinha morrido, e ela não respondeu. Pediram para um veterinário vir, não tinha veterinário lá, nem aqui quando ele chegou”, acrescentou o tutor à TV Globo.

“Às vezes eu sinto que foi egoísmo meu, que eu poderia tê-lo deixado aqui [em São Paulo], mas sempre fomos eu e ele, sempre. Quando eu saía do meu apartamento, ele ficava me esperando o dia inteiro na frente da porta. Ele era um filho para mim. Eu sempre falei que ele foi a minha melhor escolha e agora ele foi embora. O que mais me mata é que ele não deveria ter morrido daquele jeito que eu vi”, contou João.

O que diz a GOL?

Em nota enviada ao iG , a empresa disse lamentar o ocorrido e reforçou que seguirá as investigações com "prioridade". Veja a íntegra:

"A GOL se solidariza com o sofrimento do tutor do Joca e de sua família. Entendemos a sua dor e lamentamos profundamente pela perda do seu animal de estimação. O cão deveria ter seguido para Sinop (OPS), no voo G3 1480 do dia 22/04/2024, a partir de Guarulhos (GRU), porém, por uma falha operacional o animal foi embarcado em um voo para Fortaleza (FOR).

Assim que o tutor chegou em Sinop, foi notificado sobre o ocorrido e sua escolha foi voltar para Guarulhos (GRU) para reencontrar o seu animal de estimação.

A equipe da GOLLOG na capital cearense desembarcou o cão e se encarregou de cuidar dele até o embarque no voo G3 1527 de volta para Guarulhos (GRU). Neste período, foram enviados para o tutor registros do animal sendo acomodado de volta na aeronave. Infelizmente, logo após o pouso do voo no aeroporto de Guarulhos, vindo de Fortaleza, fomos surpreendidos pelo falecimento do cão.

A Companhia está oferecendo desde o primeiro momento todo o suporte necessário ao tutor e sua família. A apuração dos detalhes do ocorrido está sendo conduzida com total prioridade pelo nosso time."

Suspensão e restrição de serviços

Para se dedicar totalmente a concluir o processo de investigação deste evento, a GOL suspendeu por 30 dias (a partir desta quarta-feira, 24/04 até 23/05) a venda do serviço de transporte de cães e gatos pela GOLLOG Animais e pelo produto Dog&Cat + Espaço, para viagens realizadas no porão da aeronave. O serviço Dog&Cat Cabine, para Clientes que levam seus pets na cabine do avião, não sofrerá nenhuma alteração.

Anac abre investigação

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) irá instaurar um processo administrativo contra a GOL para investigar os motivos que levaram à morte do cachorro. A companhia tem três dias para prestar informações sobre o caso.

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