BC deve cortar Selic mais uma vez nesta quarta; o que muda na prática?

Se o corte se confirmar, a Selic chegará ao menor patamar desde março de 2022

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Fachada do Banco Central do Brasil

Banco Central (BC) deve cortar nesta quarta-feira (13) a taxa básica de juros (Selic) pela quarta vez seguida, levando o índice ao menor patamar desde março de 2022. A expectativa da maioria do mercado, seguindo a indicação da própria autoridade monetária, é de queda de 0,5 ponto percentual, levando a taxa de 12,25% para 11,75%. 

Esta será a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) no ano de 2023. O comitê se reúne a cada 45 dias para deliberar sobre o direcionamento da taxa básica da economia.

A previsão do Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, é de que a Selic encerre o ano em 11,75%. Para o próximo ano, as projeções do mercado indicam uma taxa de 9,25%. 

"Consideramos ainda como mais provável que o comunicado repita a mensagem de que os membros do Comitê anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário", diz o estrategista-chefe Warren Investimentos, Sérgio Goldenstein.

A ABBC (Associação Brasileira de Bancos) também projeta que o ritmo de queda de 0,50 p.p. dos juros deve ser mantido no próximo encontro do Copom. 

Everton Gonçalves, superintendente da Assessoria Econômica da ABBC, alerta que apesar de que a inflação deva fechar o ano de 2023 em patamar mais baixo do que o inicialmente antecipado e ficar dentro do intervalo de tolerância da meta, as expectativas inflacionárias para 2024 e 2025 ainda permanecem desancoradas, exigindo uma política monetária em campo restritivo.

“Mesmo com uma evolução fortemente benigna para a inflação de serviços, das medidas de núcleos e subjacentes, ainda não se constata um movimento de queda consistente nas expectativas inflacionárias, o que é um fator complicador para a política monetária”, avalia Gonçalves.

Como contraponto, destaca que os movimentos desde a última reunião do Copom foram positivos para o balanço de riscos.

“A melhora nas condições financeiras, expressa na significativa queda nas taxas de juros de longo prazo nos EUA, reduziram as pressões externas que elevavam o grau de incerteza da inflação e exigiam cautela do Copom”, comenta Gonçalves. 

O que muda na prática? 

Um corte na taxa básica de juros pode ter vários impactos na economia e na vida das pessoas, incluindo:

  • Empréstimos mais baratos: Com a redução da taxa básica de juros, os custos dos empréstimos tendem a diminuir. Isso pode resultar em condições mais favoráveis para financiamentos, como empréstimos imobiliários, crédito pessoal e financiamento de veículos.
  • Estímulo ao consumo e investimento: Com o acesso a crédito mais barato, as pessoas e empresas podem ser incentivadas a consumir e investir mais. Isso pode aquecer a economia, impulsionando setores como o varejo, construção civil e produção de bens de consumo.
  • Estímulo ao investimento em renda variável: Com taxas de juros mais baixas, investimentos de renda fixa podem oferecer retornos menores. Isso pode direcionar investidores para a renda variável, como ações, fundos imobiliários e outros ativos de maior risco, em busca de melhores retornos.
  • Estímulo ao mercado imobiliário: Taxas de juros menores podem impulsionar o mercado imobiliário, já que financiar a compra de imóveis se torna mais acessível e atrativo.
  • Possível desvalorização da moeda: Reduções na taxa de juros podem desencadear uma desvalorização da moeda nacional, pois investidores podem buscar outras moedas com retornos mais atrativos.