Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira
Lula Marques/ Agência Brasil
Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sugeriu nesta quinta-feira (30), que o Brasil planeja integrar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) a partir de janeiro de 2024. Silveira indicou que, antes da formalização da entrada no grupo, uma equipe técnica brasileira realizará uma análise da carta que estabelece o compromisso de cooperação da Opep+, recebida pelo presidente da República,  Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O ministro encontra-se em Dubai, Emirados Árabes Unidos, para participar da COP-28, a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre as mudanças Climáticas.

Silveira destacou a importância da adesão, considerando que o Brasil presidirá o G20 e, especificamente, o trilho de energia, além de sediar a COP30 em 2025. Ele expressou a expectativa de que a definição da adesão do Brasil ocorra em um evento presencial em Viena, junto aos demais ministros.

Silveira argumentou que participar da organização não vai influenciar a produção nem os preços de combustíveis no Brasil. "Os preços no Brasil vão continuar descolados (do mercado internacional)", disse.

Após uma queda na produção de petróleo e gás natural em agosto, o Brasil retomou o crescimento de forma significativa em setembro, conforme indicam dados preliminares divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

O pré-sal foi o grande destaque, alcançando sua terceira maior participação do ano na produção total, atingindo 77,04% em setembro. Essa marca só foi superada pelos 78,1% de fevereiro e os 77,78% de maio. Em números absolutos, a produção do pré-sal chegou a 3,594 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d) em setembro, representando um aumento notável de 9,54%.

Qual a diferença entre os membros da Opep e da Opep+?

A Opep, que foi fundada em 1960, inclui 13 grandes países produtores de petróleo, como Arábia Saudita, Irã, Iraque, Emirados Árabes Unidos e Venezuela. Outros grandes produtores, como Estados Unidos, Canadá, Brasil, China e Catar, não fazem parte do grupo.

Em 2016, durante um período de preços baixos do petróleo, a OPEP uniu-se a outros dez grandes produtores de petróleo para formar a OPEP+. Esses países, que juntos respondem por aproximadamente 40% da produção mundial de petróleo bruto, incluem 23 nações, com a Rússia sendo a mais significativa. Os países da OPEP+ não se qualificam para adesão plena, mas são admitidos em condições especiais.

Caso o Brasil aceite o convite, integraria esse grupo, embora, segundo o estatuto da OPEP, não teria direito a voto em suas reuniões.

Os 13 países da OPEP representam 30% da produção global de petróleo e são responsáveis por mais de 60% de todas as exportações mundiais. A Arábia Saudita se destaca como o maior produtor, ultrapassando a marca de 10 milhões de barris por dia.

Para  Pedro Luiz Cortes, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente da USP (IEE-USP), aceitar esse convite seria um contrassenso para um país que caminha para a transição energética com investimentos em energia eólica, solar e hidrogênio verde. "Para a Opep, o significado da transição energética é prolongar indefinidamente a substituição dos combustíveis fósseis pelas fontes renováveis", defende.

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