O presidente da Associação de Pilotos de Linha Aérea, Pablo Biró, afirmou em um programa de TV argentino nessa quarta-feira (22) que "se querem privatizar a Aerolíneas, vão ter que nos matar, e quando eu digo matar, é literalmente; vão ter que levar nossos corpos".
Sindicalistas do setor aéreo têm apresentado resistência às propostas de privatização de Javier Milei, presidente eleito da Argentina. Um dos objetivos do recém-eleito chefe do Executivo argentino é desestatizar todas as empresas públicas não essenciais.
Biró garantiu que, caso o plano de privatizações prossiga com a posse de Milei em 10 de dezembro, greves serão feitas. O representante sindicalista também alertou que, caso mande prendê-los, a "história o julgará e ele [Milei] terminará a vida preso".
No entanto, mesmo manifestando sua oposição, Biró espera que Javier Milei apresente um plano para garantir a eficiência e sustentabilidade contínuas da Aerolíneas Argentinas.
Ele destaca que nos últimos anos "a empresa demonstrou que pode ser gerida de maneira eficiente", e sugere que a redução da carga tributária poderia levá-la a alcançar lucratividade – algo que não ocorre desde 2001. "Sem financiamento do Estado, a Aerolíneas não tem como funcionar", afirmou o sindicalista. "Fazemos 320 voos por dia, e cada voo custa US$ 20 mil".
Até o momento, Milei não abordou especificamente a situação da Aerolíneas Argentinas desde sua eleição, concentrando-se na transição de governo antes de sua posse em 10 de dezembro.
A Aerolíneas Argentinas, contudo, foi privatizada no governo do peronista de direita Carlos Menem (1989-1999) e recuperada pelo Estado nos governos de Cristina Kirchner (2007-2015). A empresa é a maior companhia aérea do país, vista como um potencial alvo de privatizações por ser responsável por 60% dos voos domésticos na Argentina.
Sindicalista se retratou
Pablo Biró se retratou das declarações e afirmou que teve uma "fala muito infeliz" após a repercussão nessa quarta-feira. "Tenho que começar por esclarecer que Javier Milei venceu com 55% dos votos em eleições limpas, sem fraude", pontuou.
“Na nota fora de contexto eu queria transmitir cautela e me enganei porque não sou um bom comunicador", disse. "Queria dizer 'olha, se tudo isso acontecer, vão nos deixar sem emprego e novamente, como no setor privado, não receberemos salário, os aviões vão ser roubados e tudo mais...'", expressou.
Biró salienta que o sindicato está aberto ao diálogo com o próximo governo e que seu objetivo será demonstrar à nova administração as conquistas e o reconhecimento internacional que a companhia aérea detém.