A Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor/Euroconsumers Brasil) reagiu às declarações feitas na terça-feira (7) pelo CEO do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho, e defendeu o parcelamento sem juros, dizendo ser um direito adquirido pelo cidadão brasileiro.
O posicionamento da Associação acontece após declarações feitas pelo CEO do Itaú Unibanco durante uma transmissão em que ele anunciou o lucro trimestral de R$ 9 bilhões da instituição financeira e aproveitou o espaço para falar da atual discussão envolvendo a questão do juro rotativo do cartão de crédito e o parcelamento das compras.
Milton Maluhy, afirmou que o parcelado sem juros "é um grande impulsionador da inadimplência" no médio prazo.
"Antes de qualquer cliente ir para o rotativo do cartão, ele passa pelo parcelado sem juros. [O parcelado sem juros] dá uma sensação de poder de compra e uma parte importante da população acaba indo para as taxas do rotativo", disse.
A dívida do juro rotativo ocorre quando é pago apenas uma parte do valor total da fatura do cartão de crédito. Essas taxas, no entanto, frequentemente superam as típicas de empréstimos pessoais ou financiamentos. Em setembro deste ano, o Banco Central (BC) mostrou que o juro rotativo ficou em 441,1% ao ano.
Em nota, a Proteste enfatizou que não há ligação entre o juro rotativo e o parcelado sem juros: ''O parcelado sem juros é importante instrumento de planejamento para os consumidores e diminui a chance de inadimplência. O argumento dos grandes bancos de que há subsídios cruzados e de que o rotativo financia o parcelado sem juros é falacioso.
O que a Proteste chama de subsídio cruzado é o que Milton alegou ser um valor embutido no preço da mercadoria adquirida pelo consumidor na modalidade do parcelamento sem juros.
"Para que o lojista a antecipe os recursos para fazer frente ao seu capital de giro, ele acaba embutindo no preço da mercadoria a despesa financeira dessa antecipação”, defendeu o CEO do Itaú.
A Proteste argumenta que a posição de Milton e de outros membros de grandes instituições financeiras tem como objetivo limitar a competitividade de players menores (fintechs de meios de pagamento) e que, nesse confronto, quem “está ameaçado de ter de pagar a conta é o consumidor".