O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, afirmou nesta sexta-feira (6) que foi mal interpretado sobre sua declaração de saída da Uber do Brasil . Segundo ele, a empresa não deixará o país caso o governo avance na regulamentação do trabalho mediado por aplicativos.
"Eu não estou falando para a Uber ir embora. Não é disso que se trata. Eu não chamei eles para vir. Não vou falar para eles irem", afirmou a uma plateia de sindicalistas na sede do Sindp (sindicato de processamento de dados), em evento promovido pela CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros).
Após falar sobre a empresa, o ministro foi aplaudido. "Pode ter certeza de uma coisa. Os trabalhadores e trabalhadoras que hoje trabalham para a Uber não ficarão sem oportunidades."
Ele disse ainda que os donos da empresa veem o Brasil como o mercado mais interessante atualmente.
"Não é Estados Unidos, não é Europa, não é lugar nenhum. É Brasil. Portanto, fique sossegado, nós não vamos embora não", teriam dito representantes da plataforma para ele.
Sem dar detalhes, o ministro disse que as negociações entre empresas, governo e trabalhadores estão avançadas para regulamentar esse tipo de trabalho.
Na quarta-feira (4), o ministro disse que a tentativa de acordo entre trabalhadores de aplicativo e empresas não avançou. O governo tenta regulamentar o trabalho intermediado por plataformas , mas as condições apresentadas pelas companhias desagradaram os trabalhadores.
"Infelizmente não está tendo acordo, especialmente com o setor de entregadores. Porque as empresas estão muito vorazes no processo de enriquecimento e apropriação da força de trabalho, e não estão aceitando as reivindicações dos trabalhadores", disse Marinho, em audiência na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara.
O governo estabeleceu um grupo tripartite para elaborar um regime de trabalho para motoristas e entregadores de aplicativos, com representantes do governo, empresas e trabalhadores.
Por enquanto, a proposta caminha para um modelo "híbrido", com mais flexibilidade que a CLT, por exemplo.
O Conselho Nacional dos Sindicatos de Motoboys e Motoentregadores, a Aliança Nacional dos Motoboys e Motoentregadores e as centrais sindicais reivindicam os valores mínimos de R$ 35,76 para motociclistas e R$ 29,63 para ciclistas profissionais por hora de trabalho.
Já a proposta das empresas varia de R$ 10,20 a R$ 12 para motociclistas e de R$ 6,54 a R$ 7 para ciclistas. Elas são representadas pela Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) - que reúne as empresas Amazon, iFood, Flixbus, Uber, Zé Delivery, Buser, 99 e Lalamove – e pelo Movimento Inovação Digital (MID) – que reúne mais de 150 empresas, entre elas, Mercado Livre, GetNinjas, PayPal, Loggi, Movile, Americanas, C6 Bank, Facily, Rappi, OLX e euEntrego.