Picanha, filé-mignon, porco... Por que o preço da carne está caindo?

Todos os cortes tiveram queda no acumulado de 2023. O preço do Filé-mignon lidera, com queda de 17%; confira

Foto: Foto: Agência Brasil/Arquivo
Por que o preço das carnes está caindo no Brasil?

O filé-mignon é o corte de carne que apresenta a maior redução de preço até o momento neste ano no país, conforme os  dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na semana passada. Todos os cortes apresentaram uma diminuição de preço, sendo o filé-mignon com a maior queda registrada no ano, com um recuo de 16,95%.

Até agosto , o preço médio das carnes registrou uma queda de 9,65% no acumulado do ano. No mês de agosto, essa redução foi de 1,9%, conforme indicado pelo índice oficial de inflação , o IPCA .

“A queda do preço da está relacionada ao aumento da oferta por um lado, pois o preço em 2022 estava bastante alto. Tivemos um uma redução do abate no ano passado das fêmeas, para poder aumentar a quantidade de bezerros. E esse ano tivemos o maior abate dessas fêmeas, aumentando a oferta de carne no mercado”, defende Luciano Nakabashi, professor de Economia na FEA-RP da USP e entrevista para o Portal iG.

“Também tivemos uma redução do preço de grãos importantes como milho e soja que são utilizados na ração de carne de gado, frango e suínos. E isso ajuda também a segurar o preço das outras proteínas, o que ajuda a segurar o preço da carne de boi. Além disso, a pastagem tem sido boa. Porque não tivemos períodos fortes de seca”, finaliza o professor.

O preço do boi no campo é determinado pela arroba, que representa uma unidade de peso da carcaça bovina, equivalente a 15 quilos. Em janeiro, a arroba estava cotada a R$ 286,85, enquanto em 11 de setembro, de acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq - USP), o valor já tinha caído para R$ 206,24.

Confira a variação dos preços das carnes neste ano:

  • Filé-mignon: -16,95%
  • Alcatra: -13,46%
  • Contrafilé: -11,77%
  • Pá (paleta bovina): -10,5%
  • Fígado: -10,15%
  • Costela: -9,95%
  • Capa de filé: -9,7%
  • Acém: -9,49%
  • Picanha: -9,14%
  • Patinho: -8,82%
  • Peito: -8,73%
  • Chã de dentro: -8,54%
  • Lagarto comum: -8,38%
  • Lagarto redondo: -8,31%
  • Músculo: -7,41%
  • Carne de porco: -4,65%
  • Cupim: -4,13%
  • Carne de carneiro: -0,4%


IPCA

Em 12 de setembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou que o  Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou um aumento de 0,23% em agosto. Este indicador oficial de inflação do país retomou o crescimento em relação a julho, mês anterior, impulsionado principalmente pelo aumento de 4,59% na tarifa de energia elétrica residencial.

Em julho, o IPCA havia registrado uma alta de apenas 0,12%. Em agosto de 2022, o país experimentou uma deflação de 0,36%, em grande parte devido à desoneração dos combustíveis. Assim, a inflação acumulada nos últimos 12 meses atingiu 4,61%, enquanto até julho, a alta acumulada era de 3,99%. No acumulado do ano, a inflação alcançou 3,23%.

Embora o índice tenha demonstrado um aumento nos números, os preços ainda ficaram um pouco abaixo das expectativas do mercado. A prévia da inflação, por exemplo, ficou em 0,28% em agosto, de acordo com os dados do IBGE divulgados no dia 25.  Outras estimativas, como as do Valor Data, apontavam um aumento de 0,29% no mês, e analistas consultados pela agência Bloomberg previam uma variação de 0,28%.