A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) defendeu, em nota divulgada nesta quinta-feira (10), a ampliação do debate sobre o fim do crédito rotativo
, como sugerido pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.
Segundo a entidade, é necessário uma "diluição de riscos" entre os elos da cadeia, já que a modalidade acumula alto nível de inadimplência por conta dos juros de quase 420% ao ano.
"Defendemos que deve ser mantido o cartão de crédito como relevante instrumento para o consumo. Da mesma forma, deve haver o reequilíbrio da grande distorção que só o Brasil tem, com 75% das compras feitas com parcelado sem juros", diz a federação.
A Febraban ainda diz que busca uma "solução construtiva que passe por uma transição sem rupturas, que pode incluir o fim do crédito rotativo e um redesenho das compras parceladas no cartão".
A entidade irá debater junto ao BC, ao Ministério da Fazenda e ao setor de varejo uma solução para o problema.
"As discussões estão evoluindo, para que se alcance a convergência que, ao mesmo tempo, beneficie os consumidores e garanta a viabilidade do produto".
Campos Neto sugeriu fim
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto , afirmou nesta quinta-feira (10) que a autoridade monetária avalia formas para reduzir as taxas do cartão de crédito para mitigar os efeitos dela na taxa de inadimplência. Entre as opções, estaria o fim do rotativo, que ocorre quando o cliente não paga o valor total da fatura e joga a dívida para o mês seguinte.
O rotativo seria substituído, portanto, por uma cobrança adicional sobre o saldo devedor. A taxa de juros dessa modalidade chaga a 440% no ano, a maior do mercado. Esse patamar significa uma taxa de 15% ao mês.
Segundo Campos Neto, a ideia estudada pelo BC seria o parcelamento do saldo devedor, com juros de cerca de 9% ao mês, pouco acima da metade dos 15% atuais.
"A solução está se encaminhando para que não tenha mais rotativo, que o crédito vá direto para o parcelamento. Que seja uma taxa ao redor de 9% [ao mês]. Você extingue o rotativo. Quem não paga o cartão, vai direto para o parcelamento ao redor de 9% [ao mês]", declarou Campos Neto em audiência no Senado.