Deputado federal Cláudio Cajado (PP-BA)
Agência Câmara
Deputado federal Cláudio Cajado (PP-BA)

O relator do arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados, deputado Claudio Cajado (PP-BA) criticou, em entrevista ao jornal O Globo, o texto que veio do Senado. Segundo ele, os senadores fizeram política e deixaram de lado decisões técnicas. 

Ele sinalizou que deve colocar o Fundo Constitucional do Distrito Federal, o Fundeb (voltado à educação básica) e os gastos com ciência e tecnologia de volta nas regras fiscais. Os três haviam sido excluídos pelos senadores. 

"Por mim, bota tudo de volta. Isso tem impacto no resultado primário. Espero que os líderes não tenham posição política. Houve retirada dos gastos com ciências e tecnologia. Se fosse por mérito, eu também retiraria os fundos da Marinha e Aeronáutica, que fazem pesquisas", declarou.

"Nós produzimos um relatório tecnicamente, e o Senado, do ponto de vista político, fez alterações que não se sustentam, na minha opinião. Um relatório do Tesouro mostra que, com o meu substitutivo, o Fundo do DF ganha mais de R$ 1 bilhão no ano que vem, sob a regra atual vai ganhar só R$ 200 milhões", completou.

Ele também criticou o governo federal por não defender um texto mais rígido. 

"Na minha opinião, o governo também tem culpa, deixou o barco correr. Só se importaram com a emenda que fez as despesas condicionadas em cima da diferença do cálculo do IPCA, do senador Randolfe (Rodrigues/AP). A ministra (do Planejamento, Simone Tebet) foi muito incisiva (em defender essa emenda, que evita corte de gastos)", disse. 

Além disso, ele demonstrou preocupação quanto ao cumprimento da meta de zerar o déficit já no ano que vem. 

"Quando o governo começa a criar despesas, isenções, aumentar a tabela do Imposto de Renda, dá benefícios para setor automotivo, me preocupo. Se de um lado você faz um esforço e do outro você cria mais despesas, compromete o resultado final. O governo não está com gordura."

A previsão era que o arcabouço fosse votado já nesta semana, mas a eventual reforma ministerial fez com que o presidente da Câmara, Arthur Lira, segurasse a tramitação.

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