Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em entrevista coletiva em Roma, na Itália
Reprodução / TV Brasil - 22.06.2023
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em entrevista coletiva em Roma, na Itália

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (22) que os termos dos europeus para selar o acordo entre  União Europeia (UE) e Mercosul são "inaceitáveis". O presidente brasileiro está na Itália e chega a Paris ainda nesta quinta-feira (22) para participar de uma Cúpula sobre o Novo Pacto Global de Financiamento e para encontro com o presidente Emmanuel Macron.

Lula disse que as negociações pelo acordo estão difíceis, mas não impossíveis. Ele também criticou o protecionismo europeu quanto à agricultura.

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Segundo Lula, os franceses demandam que os países sul-americanos que não cumpram o Acordo de Paris sejam punidos, mas nem mesmo países europeus estão em dia com suas promessas. O acordo prevê que os países se comprometam voluntariamente a reduzir a emissão de gases-estufa a cada cinco anos. 

"A carta adicional que a União Europeia mandou para o Mercosul é inaceitável porque eles põem punição para qualquer país que não cumpriu o Acordo de Paris. Nem eles cumpriram o Acordo de Paris", disse Lula.

"Os país ricos não cumpriram o Acordo de Paris, o Protocolo de Quioto, a decisão de Copenhague [de destinar US$ 100 bilhões anuais em financiamento climático para os países pobres entre 2020 e 2025]. Então é preciso ter um pouco mais de sensibilidade, de humildade. Estamos preparando a nossa resposta para a União Europeia", completou.

Lula disse que tentará chegar a um acordo que "favoreça os dois continentes" na reunião com Macron na tarde de hoje. 

"Eu pretendo conversar com o presidente Emmanuel Macron porque a França é muito dura nos seus interesses agrícolas. É importante a gente convencer a França que é maravilhoso que eles defendam sua agricultura, mas a gente tem que entender que os outros também tem o direito de fazê-lo", disse Lula.

"É preciso que cada um abra mão de seu protecionismo para que possamos construir a possibilidade de um acordo que melhore a situação da UE e da América do Sul", adicionou.

A cúpula internacional será realizada nesta tarde para acelerar as negociações de acesso a mecanismos a financiamento, principalmente pelos países do sul global. O encontro tem como pano de fundo crise e mudanças climáticas e a urgência de recursos e ações para enfrentar o desafio da transição ecológica. Esses são os destaques da Rádio França Internacional.

Os deputados da Assembleia Nacional da França pedem que os agricultores sul-americanos respeitem as mesmas regras ambientais e sanitárias da Europa, caso contrário, seriam punidos. 

"Não é correto você estar discutindo um acordo e alguém achar que pode colocar punição a um parceiro. Um acordo pressupõe uma via de duas mãos. Todo mundo tem que ceder, todo mundo precisa conquistar alguma coisa. Eu sei que os franceses são duros, não é de hoje que a gente tenta negociar UE e Mercosul", afirmou Lula. "Todo mundo sabe da dureza dos franceses na defesa de sua agricultura. É normal que eles sejam assim, mas também é normal que a gente não aceite."

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