O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou nesta quinta-feira (4) a criticar a alta taxa de juros da economia brasileira. Nesta quarta-feira (3), o Comitê de Política Monetário (Copom) do Banco Central (BC) manteve a Selic em 13,75% ao ano
, patamar em que se encontra desde agosto do ano passado, mesmo sob pressão do governo.
Em discurso no evento de recriação do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o Conselhão, Lula disse que não se pode falar de juros no Brasil. "Como se um homem sozinho pudesse saber mais do que a cabeça de 215 milhões de pessoas", disse Lula, se referindo ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, e arrancando aplausos da plateia.
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Em sua fala, Lula disse que "o povo mais pobre sofre as consequências dos juros, mas não reclama porque para ele o que interessa é se a prestação do bem que ele vai comprar cabe no bolso dele. Não adianta comprar uma coisa de juro zero, e ele não poder pagar a prestação".
Em seguida, o presidente completou, rindo: "Eu não estou dizendo isso, Roberto Campos, porque concordo com você, não".
O presidente afirmou, então, que o Conselhão, responsável por debater agendas e temas de interesse dos mais diversos segmentos da sociedade, "pode falar de tudo, só não pode falar de juros".
"Engraçado. É muito engraçado o que se pensa nesse país. Todo mundo aqui pode falar de tudo, só não pode falar de juros. A Fiesp precisa tomar muito cuidado para falar de juros. A federação do comércio, muito cuidado. As indústrias têxteis, muito cuidado. Todo mundo tem que ter cuidado. Ninguém fala de juros. Como se um homem sozinho pudesse saber mais do que a cabeça de 215 milhões de pessoas", afirmou o presidente.