A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou que o Banco Central (BC) fica colocando ao governo novas condições para reduzir a taxa de juros, que está em 13,75% ao ano desde agosto do ano passado.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico divulgada neste sábado (29), Tebet disse que, após a aprovação do arcabouço fiscal no Congresso Nacional, o BC não terá mais "desculpas" para não reduzir a Selic.
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"Está tudo caminhando para aprovar [o arcabouço fiscal] em maio na Câmara e, no mais tardar, na primeira semana de junho no Senado. Aprovado, qual vai ser a desculpa do Copom para não baixar [os juros], ainda que 0,25 ponto percentual? Cada condição que o BC coloca e a gente vai resolvendo, eles vão colocando outras. E agora vai colocar o quê?", afirmou a ministra.
Na próxima semana, o Comitê de Política Monetária (Copom), órgão do BC responsável por definir a taxa Selic, se reúne, mas a expectativa é que o atual patamar dos juros seja mantido.
Nesta quinta-feira (27), Tebet, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, debateram o tema dos juros altos em audiência pública no Senado
. Na ocasião, Campos Neto disse que as decisões do órgão são técnicas, e que a atual taxa de inflação brasileira não é suficiente para reduzir a Selic, embora haja pressão do governo pela queda dos juros.
Durante o Debate, Haddad disse que "se a economia continuar desacelerando por razões ligadas à política monetária, nós vamos ter problemas fiscais".
Em sua fala, Tebet disse que o Banco Central não pode afirmar que suas decisões são apenas técnicas, como defende Campos Neto. "O Banco Central não pode considerar que suas decisões são apenas técnicas. Também interferem na política, especialmente os seus comunicados e suas atas", disse a ministra.