O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), desde 2007, vem perguntando aos consumidores sobre suas intenções de compra. A prévia dos resultados, em 2022, mostra uma recuperação do ímpeto de compras natalinas na comparação com os últimos sete anos, mas o nível ainda pode ser considerado baixo em relação à média histórica do período de 2010 a 2015.
O indicador, calculado pela diferença entre as respostas favoráveis (gastar mais) e desfavoráveis (menos), subiu de 57,4 pontos, em 2021, para 66,7 pontos, em 2022, o maior desde 2014 (69 pontos). Com aumento da parcela dos que afirmam que irão gastar mais do que no ano anterior de 8,5% para 10,1% e redução dos que dizem que gastarão menos de 51,1% para 43,5%.
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Comparando o Indicador de Intenção de Compras de Natal e as vendas do varejo nos segmentos com maior relação com a data festiva, nota-se que uma maior expectativa da intenção de gastos, o que deve atenuar a queda no volume de vendas do comércio em 2022 ante 2021, se considerarmos na projeção a mesma taxa de crescimento do volume de vendas de novembro e dezembro de 2021 em cima dos dados de outubro.
O resultado é favorável em todas as faixas de renda, embora a intenção de consumo melhore mais para as famílias de maior poder aquisitivo. As famílias com renda mensal até R$ 2.100 são os mais pessimistas: 56,2% pretendem gastar menos e apenas 5,7% acreditam que irão gastar mais. O indicador de gastos passou de 44,0 para 49,5 pontos, o menor crescimento entre as faixas de renda (5,5 pontos). A cautela pode estar relacionada ao nível de endividamento ainda elevado desses consumidores em relação aos demais, a inflação e também elevadas taxas de juros que tornam o custo dos presentes mais caro. Já para os consumidores com maior poder aquisitivo, com renda familiar acima de R$ 9.600, 14,8% estimam gastar mais (ante 15,8% em 2021) e 51,9% o mesmo montante do ano anterior (43,4% em 2021).
Itens mais procurados
O item preferido da lista de Natal continua sendo roupas, com um aumento expressivo de 44,2% para 55,4% nas intenções de compras embora os preços dos produtos do vestuário tenham subido acima de 10% nos últimos 12 meses. Essa variação das roupas foi superior a inflação média de 4,5% mas há uma variedade maior de itens com níveis de preços diversos, o que permite adequar a demanda de cada consumidor. Ao contrário, a intenção de compras de brinquedos caiu pela metade de 18,4% para 9,3%, assim como as roupas, os preços subiram acima da média da inflação (5,5%), mas o nível de preços tende a ter um ticket médio maior, por isso talvez tenha se reduzido na preferência dos consumidores.