O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) e a senadora Simone Tebet (MDB-MS) tentaram ainda nesta quinta-feira (10) acalmar os ânimos do mercado financeiro após as declarações do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a PEC de Transição , que deve liberar gastos fora das regras fiscais.
O Dólar apresentou forte alta de 4% nesta quinta (10) e fechou o dia cotado a R$ 5,39. Esse é o valor registrado desde 30 de setembro, quando a moeda estava no mesmo patamar. Já a Bolsa de Valores de São Paulo registrou tombo de 3,35% e encerrou o pregão a 109.775 pontos. É a primeira vez que o índice Ibovespa fica abaixo dos 110 mil pontos desde 29 de setembro.
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Isso porque o mercado recebeu negativamente as afirmações de Lula sobre a dicotomia entre responsabilidade social e fiscal. O futuro presidente criticou a “a tal estabilidade fiscal" enquanto existem pessoas que passam fome no país.
Alckmin lembrou da outra gestão do petista, que assumiu o governo em 2003 com uma dívida equivalente 60% do PIB, entregando oito anos depois um endividamento de 40% do PIB.
"Teve superávit primário todos os anos. Se alguém teve responsabilidade fiscal foi o governo Lula. Isso não é incompatível com a questão social. O que precisa para a economia crescer é ter investimento público e privado, recuperar planejamento no Brasil e bons projetos. Essas oscilações de mercado, num dia de hoje, tem inclusive questões externas, além das questões locais", afirmou.
Outra preocupação do mercado, a PEC de Transição, que terá custo aproximado de R$ 170 bilhões, foi minimizada por Alckmin como uma "correção" ao Orçamento do ano que vem.
"Não está previsto o Bolsa Família. Não há ninguém que seja contra enfrentar a questão da fome e a pobreza. E tem a continuidade de serviços públicos, não pode interromper serviços públicos. Não há nada pior que obra parada. É um orçamento que já estava aqui no Congresso e que todo mundo sabe que não é factível minimamente para cumprir as tarefas de estado", afirmou.
Tebet, na outra ponta, tentou pressionar a equipe de transição a indicar o ministro da Fazenda primeiro que os demais, a fim de tranquilizar os atores financeiros.
"Acho que é natural, o mercado tem dúvidas, e consequentemente a cada fala política do presidente eleito Lula isso acaba criando alguns ruídos. Então, (a escolha deve acontecer) no seu devido tempo. Mas sim, o mais rápido possível dentro do tempo do presidente eleito, eu entendo, sim, que o primeiro nome que deva ser anunciado é o ministro da Fazenda ou da Economia", afirmou a senadora, em entrevista à GloboNews.
Para Tebet, a indicação de um ministro serviria para que ele explicasse declarações de Lula feitas em um "contexto político".
"Para que efetivamente o ministro possa explicar a política econômica do futuro governo. E explicar muitas vezes aquilo que o seu chefe, o presidente da República, disse em um contexto político."