Lula lidera a corrida eleitoral com 48% dos votos, enquanto Bolsonaro tem 31%, segundo o IPEC
Ivonete Dainese
Lula lidera a corrida eleitoral com 48% dos votos, enquanto Bolsonaro tem 31%, segundo o IPEC

Eleição presidencial  é sinônimo de incerteza, e tudo que investidores têm aversão é não saber o que pode acontecer com seus ativos. Mesmo assim, neste ano, eles parecem mais otimistas. Isso porque, segundo analistas do mercado financeiro, independentemente do vencedor da corrida eleitoral, a Bolsa de Valores deve subir no próximo ano.

Isso porque os dois candidatos liderando a disputa pelo Planalto, Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já são velhos conhecidos dos economistas, seja pelos 4 anos do presidente atual, ou dos 8 do ex-presidente. 

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Nos pleitos de 2018 e 2014, os candidatos mais à direita despontavam como “queridinhos” da Bolsa, enquanto Dima Rousseff e Fernando Haddad, ambos do PT, eram mal vistos pelo mercado. Já neste ano, os cenários previstos para Lula ou Bolsonaro têm menor amplitude. 

“Quando a gente pergunta pro mercado em 2014 ‘o que que você acha que vai acontecer com a bolsa ou se a Dilma ganhar ou se o Aécio ganhar?’ Era bem diferente, era muito pra cima com Aécio e muito pra baixo com a Dilma. Em 2018 foi parecido, só que com Bolsonaro. E agora não, a gente faz essa pergunta e tanto o cenário de Bolsa quanto o de câmbio permanecem parecidos. A visão é que Lula é bem mais moderado do que a Dilma e Haddad”, explica Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.

Cruz comenta ainda que, na percepção do investidor estrangeiro, Lula tem mais prestígio quando o assunto é meio ambiente, algo que Bolsonaro perdeu devido à agenda de desmonte ambiental.

“O investidor estrangeiro fica mais tranquilo com Lula quanto a questão ambiental, que hoje em dia tem ganhado um protagonismo cada vez maior, e esse fluxo seria potencializado com qualquer tipo de sinalização, de aumento de controle, de defesa, nos programas de combate ao desmatamento, isso daria um impulso extra”, analisa. 

Fiscal será decisivo

Os dois candidatos têm prometido mudanças nas regras fiscais, principalmente na mais rígida e polêmica delas: o teto de gastos, que limita despesas da União ao crescimento da inflação no ano anterior. A sinalização de Lula é acabar com a medida, já Bolsonaro e Guedes prometem uma reformulação. 

“Se o governo sinalizar que vai gastar mesmo e ‘dar de ombros’ para a questão fiscal, isso certamente será precificado. Pela experiência pregressa do governo Lula, ele sabe que não dá pra simplesmente deixar de fora do novo arcabouço essa questão fiscal, não dá”,  Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama, que adiciona: “Se tiver responsabilidade fiscal, a Bolsa chega a 140 mil pontos”. 

O novo aliado da campanha petista, Henrique Meirelles , ex-presidente do Banco Central e criador do teto de gasto, foi visto como um sinal verde de Lula para o mercado, apontando que não haverão mudanças bruscas nas políticas monetária e fiscal.

Esse ponto será crucial também para definição da taxa de juros, a Selic. Segundo Gustavo Cruz, “se houver uma regra fiscal mais sustentável, é possível que a Selic vá pra baixo de 11%”.

Segundo o Boletim focus, a Selic deve terminar 2022 em 13,75%, patamar atual, e deve cair para 11,25% ao final de 2023. 

Cenário internacional preocupa

A OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos) elevou a previsão de inflação mundial para 8,2% em 2022 e 6,6% em 2023 por conta do recrudescimento do conflito na Ucrânia. Com isso, os juros no mundo devem continuar subindo, o que tornaria a renda variável como um todo menos atrativa. 

“Essa guerra é uma maluquice do Putin e a gente nunca sabe o que esperar. A gente só sabe que o juro vai subir. Nos Estados Unidos pode chegar a 4,5%”, comenta Alexandre Espírito Santo, adicionando: “Ainda tem a questão da política de Covid-19 da China, que afeta o mercado de commodities, fundamentais para nossa Bolsa”.  

A escalada do conflito, bem como o aumento na rentabilidade da renda fixa, fazem os investidores virarem o olho para a Bolsa de Valores. Mesmo assim, há oportunidades. 

Onde investir caso Lula seja eleito

Em caso de vitória do ex-presidente Lula, ações recomendadas pelos fundos de investimento são as do setor de educação e construção civil, devido às sinalizações do petista de retomar os programas de financiamento estudantil, como Prouni e Fies, e de habitação, como o Minha Casa, Minha Vida. 

“O programa facilitou o crédito para aquisição de imóveis de preço mais baixo, dando origem a construtoras especializadas neste tipo de imóvel. Por mais que o programa esteja em vigor, a perspectiva para um governo petista é de um cenário mais favorável para as construtoras desse nicho. Dentre elas, destacamos a Direcional (DIRR3), por ter um corpo executivo competente e operar a um múltiplo relativamente descontado” afirma um relatório da Órama.

O documento aponta que as ações do varejo também devem ter um salto considerável, apesar da alta de juros. 

“Um eventual governo Lula poderia ser novamente pautado por incentivos ao consumo das famílias, o que melhoraria enormemente as vendas destas varejistas. Vemos a Via (VIIA3) como um bom case dentro do setor – uma empresa que trocou de controle em 2019, conseguiu atrair bons executivos e tem melhorado muito o seu operacional, em especial no que diz respeito a logística e tecnologia. A empresa está com um preço bem baixo, e vemos muito potencial de melhora.”

Onde investir caso Bolsonaro seja eleito

O final do governo Dilma, marcado pelo ‘Petrolão’, ainda está vivo na memória dos investidores, que temem uma política parecida, portanto, recomendam, por hora, a venda de ações de estatais. 

"A maioria dos fundos têm tirado as estatais da carteira justamente por isso. Sensação de que está bem incerto, do que pode vir a diante. Um receio de que volte alguma das políticas que estavam no governo Dilma que prejudicavam as companhias. Então o Banco do Brasil, Petrobras são um pouco mais deixadas de lado agora", diz Gustavo Cruz, da RB investimentos.

O relatório da Órama, que projeta alta de 30% para a Petrobras (PETR4) em caso de reeleição para Bolsonaro, devido à manutenção da política de paridade internacional. 


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