Banco Central deve manter taxa nas próximas reuniões, prevê mercado financeiro
Redação 1Bilhão
Banco Central deve manter taxa nas próximas reuniões, prevê mercado financeiro

O Comitê de Políticas Monetárias (Copom) do Banco Central manteve nesta quarta-feira (21) a taxa básica de juros da economia em 13,75%. Essa é a primeira vez que o BC interrompe o ciclo de altas desde janeiro de 2021.

Especialistas esperavam um aumento de 0,25 ponto percentual na Selic nesta reunião, mas o último Boletim Focus, divulgado pelo BC na segunda-feira (19), animou o mercado financeiro.

"O Boletim Focos mostrou uma expectativa de redução na inflação. Havia uma pequena chance de subir 0,25 p.p, mas essas chances foram, de certa forma, desfeitas conforme o último boletim Focus", explica João Beck, economista da BRA.

"Essa decisão de hoje [não muda] quase nada. Temos que buscar alguma dica no comunica. Na verdade, o maior impacto vai ocorrer no tempo que essa taxa vai ter que ficar muito alta, porque ela tá muito alta, ela tá num nível muito restritivo, então agora o que o mercado tá debatendo e o que realmente impacta mercado o cidadão comum, é quanto tempo a gente vai precisar para deixar essa taxa de juros do jeito que está", completa.

A decisão do Copom impacta diretamente os juros sobre créditos e financiamentos, além de segurar o desenvolvimento econômico do país. A medida também serve para controlar a inflação do país, que ainda está em 8,73%, acima do esperado pelo Banco Central.

Beck explica que mesmo com a queda na inflação registrada nos meses de julho e agosto, o Banco Central manterá os juros nas alturas. Segundo o especialista, a deflação é considerada "artificial", pois só foi possível com medidas aprovadas no Congresso Nacional.

"Essa deflação foi um pouco canetada, não foi uma situação conjuntural macro. Ela veio com a PEC dos Combustíveis e com a redução do ICMS sobre combustíveis e energia. Essa conta vai ser paga no próximo exercício fiscal. Quando tem o controle de inflação forçado, o país paga com inflação também no futuro. Por isso o BC manteve a taxa mesmo com deflação nos últimos dois meses", explica.

Entre no  canal do Brasil Econômico no Telegram e fique por dentro de todas as notícias do dia. Siga também o  perfil geral do Portal iG

Analistas do mercado financeiro acreditam na manutenção da taxa de juros em 13,75% até a metade do próximo ano. Há ainda a possibilidade do BC reajustar a Selic em 0,25 ponto percentual até a última reunião do ano, em dezembro.

"Mesmo que o Banco Central aumente um pouco, ele aumentará de forma mais leve, não continuará subindo para 14,5% ou 15%, talvez seja um ajuste de 0,25 para chegar nos 14%, no máximo 14,25%.  O ciclo de queda ainda levará mais um tempo, talvez no segundo semestre do próximo ano e tudo dependerá também de como será o comportamento do novo presidente, como o mercado vai enxergar. Se for o Lula, por exemplo, ainda não temos ideia de quem serão os novos ministros da economia, o presidente do Banco Central não está claro ainda quem que poderia assumir e isso pode ter um impacto no mercado", ressalta André Crepaldi, diretor de gestão de patrimônio da WIT.

"Mas o impacto para a economia é superpositivo, não olhando apenas os investimentos, mas a economia em geral, porque os juros mais baixos voltam a estimular o consumo, a economia gira, o que gera emprego e uma série de outros benefícios que são importantes para o país", completa. 

A próxima reunião do Copom está prevista para os dias 25 e 26 de outubro. Após essa data, o Comitê deve se reunir pela última vez no ano entre os dias 6 e 7 de dezembro.


** João Vitor Revedilho é jornalista, com especialidade em política e economia. Trabalhou na TV Clube, afiliada da Rede Bandeirantes em Ribeirão Preto (SP), e na CBN Ribeirão. Se formou em cursos ligado à Rádio e TV, Políticas Públicas e Jornalismo Investigativo.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!