A Petrobras terá de reajustar preços mais cedo ou mais tarde com o aumento do petróleo para um patamar acima de US$ 120, na avaliação de analistas. Apesar do pedido do governo para que a estatal segure correções no diesel e na gasolina, prevalece entre investidores a percepção de que não será fácil mexer na marra na política de preços. A lógica é que uma defasagem grande traria risco de desabastecimento, o que seria indesejável a poucos meses da eleição. Assim, mesmo em um dia de baixa no barril do Brent, com queda de 0,9% para US$ 121,17, as ações da Petrobras fecharam em alta.
Entre no canal do Brasil Econômico no Telegram e fique por dentro de todas as notícias do dia. Siga também o perfil geral do Portal iG
Os papéis ordinários (com voto) subiram 0,89%, para R$ 32,70, enquanto os preferenciais (sem voto) avançaram 1,13%, a R$ 29,60. A mesma tendência foi verificada nos recibos de ações (ADRs) negociados em Nova York, que avançaram 0,95% no horário regular do pregão e mais 0,47% no after-market.
Na avaliação de Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, ontem houve um ajuste técnico. Os papéis tinham caído muito nos últimos pregões, e os investidores aproveitaram para comprar. Em oito sessões, as ações ordinárias acumularam queda de 4%. Com a alta de ontem ainda recuam mais de 3%:
"Postergar reajustes não é a saída mais racional. Isso precisa ser feito, seja amanhã ou no mês que vem. O mercado sabe disso porque há uma defasagem muito grande que implica risco de desabastecimento."
Para Flavio Conde, da Levante Investimentos, as altas constantes do barril vão obrigar a estatal a corrigir preços:
"Pagar caro pelo diesel é ruim, mas não ter é muito pior. Os caminhões ficam parados, as mercadorias não chegam e o PIB fica estagnado. Julho e agosto são meses de transporte de produtos agrícolas. Se não tiver diesel, até as exportações de commodities ficam prejudicadas."
Para Deimon Feit, assessor de investimentos da Ável, a imagem da empresa fica desgastada com os episódios de interferência, o que já estaria refletido nos preços:
"Esses fatores relacionados à interferência estatal, ao controle, à falta de independência na gestão prejudicam a visão do investidor."
Wagner Varejão, especialista da Valor Investimentos, dá a dimensão do desconto no preço do papel:
"A Petrobras já tem desconto até mesmo em relação a petroleiras argentinas e russas, que estão em ambiente mais conturbado que o nosso. O mercado já sabe que essa dinâmica eleitoral pode piorar ainda mais isso."