Governadores temem que redução do ICMS de combustíveis comprometa políticas públicas
Agência Senado
Governadores temem que redução do ICMS de combustíveis comprometa políticas públicas

Autor do projeto que estabelece um teto para a cobrança de ICMS da energia elétrica, combustíveis, telecomunicações e transporte coletivo, o deputado Danilo Forte (União-CE) afirmou ao GLOBO que tem duas preocupações em relação ao texto aprovado no Senado: a compensação extra ao Fundeb e a forma de apurar a queda de arrecadação.

Para o parlamentar, esses dois pontos serão mais debatidos entre os deputados. As demais alterações feitas pelo Senado foram consideradas positivas por Forte. O deputado ainda se reuniria nesta terça-feira (14) com os relatores do texto, tanto o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), para falar das motivações para as alterações, quanto com o deputado Elmar Nascimento (União-BA), que está debruçado analisando as mudanças para finalizar seu novo parecer.

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"Fiquei preocupado com dois pontos. A respeito da questão da apuração do ICMS, quando você limita apenas aos itens afetados pelo projeto, você automaticamente vai ter uma queda de arrecadação. Não é lógico? (A alíquota cai) de 34% na gasolina para 17%, é lógico que pode cair. E eu entendo como uma duplicidade a compensação do Fundeb. Se você já está compensando a queda total do ICMS, e o Fundeb e SUS a contrapartida é parte do ICMS, você está cobrando duas vezes para o mesmo objeto", afirmou ao GLOBO.

Os senadores aprovaram um destaque do MDB que visa garantir a transferência de recursos ao Fundeb, para que ele mantenha os patamares atuais. Bezerra tinha incluído uma mudança, que determinava a manutenção da proporção dos respasses pelos estados até o fim de 2022. O destaque aprovado remove essa trava temporal e diz que é a União que terá de arcar com a compensação para o Fundeb e pisos constitucionais de educação e saúde, nos mesmos patamares anteriores à aprovação do projeto de lei. Ou seja, correspondente ao tamanho atual do fundo, sem considerar a redução de alíquota do ICMS.

Por outro lado, Forte classificou outras mudanças feitas pelo Senado como positivas. Ele destacou a alteração que dá mais segurança aos gestores na questão da responsabilidade fiscal e a referência ao modal para fixação de alíquotas, que atualmente podem variar entre 17% e 18% para os serviços considerados essenciais, a depender do estado. Essas duas ações reduzem a chance de judicialização.

Ele também considerou válida a inclusão da inflação para a apuração da queda da arrecadação:

"A questão da correção da compensação entre a apuração do tributo e a compensação efetivamente paga, que acontece pelo IPCA, também nem vai ter muita mudança do ponto de vista financeiro, mas é confortante para tranquilizar os estados e municípios."

O deputado defende que as eventuais alterações ou supressões que sejam feitas na Câmara venham no sentido de simplificar o texto.

"Quanto mais simples, melhor. É mais fácil ler, mais fácil interpretar e é mais fácil de executar, até porque fica melhor até para fazer a cobrança. O mais importante agora é aprovar, porque a lei tem que entrar em vigor o quanto antes. Ela diminui a questão da incidência dos tributos impostos e automaticamente também contribui para a redução da inflação", diz.

Apesar de o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), querer votar o texto final ainda nesta terça-feira, Forte afirmou que ele e outros deputados alertaram para o risco do baixo quórum e a proximidade do feriado, o que pode deixar a análise para a próxima semana. Por volta das 17h, havia 336 deputados presentes na sessão. O número considerado confortável é acima de 360, idealmente mais de 400 parlamentares, o que garantiria uma aprovação com segurança e sem surpresas.

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