O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta segunda-feira (6) que uma eventual privatização da Petrobras é "muito difícil" e que o processo levaria até quatro anos para ser concluído. A declaração foi feita em entrevista ao canal Terraviva.
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"A privatização da Petrobras é muito difícil. Eu conversei com o ministro de Minas e Energia, ele tem essa intenção, deu o pontapé inicial, mas dificilmente vai para frente isso", declarou.
"Correndo tudo certo, levaria uns quatro anos. E você tem que modular isso aí. Você não pode simplesmente 'quem pagar mais, vai levar'. Você tem hoje em dia um monopólio estatal aqui dentro e ia ter um outro monopólio privado aí fora", continuou.
Na semana passada, o Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (CPPI) recomendou a edição de um decreto pelo presidente para permitir o início de estudos sobre a privatização da companhia.
A recomendação, não entanto, não significa a inclusão da Petrobras no Plano Nacional de Desestatização (PND). Para isso, ainda é necessária aprovação de projeto de lei ou de medida provisória pelo Congresso Nacional.
A privatização da petroleira vem sendo defendida pelo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida. Logo quando assumiu o posto, no mês passado, ele disse que priorizaria os estudos para privatizar a companhia.
Sachsida assumiu o comando da Petrobras em meio às pressões sobre os preços dos combustíveis.
Bolsonaro também disse que não é fácil lidar com uma empresa estatizada que 'não deve satisfação para ninguém' e a acusou de ser 'refém' dos acionistas minoritários, que segundo ele, são, em grande parte, empresas americanas de previdência.
"Ou seja, nós estamos bancando a aposentadoria de pessoas fora do Brasil com o sacríficio do povo brasileiro", ressaltou.
No início de maio, a Petrobras anunciou o pagamento de R$ 48,5 bilhões em dividendos. Embora minoritários também recebam, a União, como acionista maioritária, fica com a maior parte do valor.
Durante a entrevista, Jair Bolsonaro voltou a criticar os lucros da companhia. "A Petrobras tem uma ganância enorme, o lucro da Petrobras é algo exagerado", apontou.
"Estamos tentanto mudar. Mudou o ministro de Minas e Energia, que quer mudar agora toda a Petrobras. Mas há uma dificuldade: reunião de conselho, uma burocracia enorme. E demora isso daí. Espero que até lá não haja mais um aumento de preço de combustível".
No mês passado, o governo anunciou a terceira troca no comando da petroleira. O secretário do Ministério da Economia Caio Mário Paes de Andrade assumiu o posto antes ocupado pelo químico José Mauro Coelho.