O Conselho de Administração da Petrobras se reúne no dia 25 de maio, de acordo com fontes do setor. Embora a reunião trate de temas considerados sigilosos como venda de ativos e investimentos, a política de preços será tratada entre os membros de maneira informal.
No centro das discussões, disse uma das fontes, estão as tentativas do governo federal de alterar a forma como a Petrobras reajusta o diesel e a gasolina. Fontes ligadas ao alto escalão da estatal afirmam que o presidente Jair Bolsonaro vem tentando construir um “plano consistente” para evitar novos aumentos, em uma lista que inclui mudanças na diretoria, na legislação e até no estatuto da companhia.
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Hoje, dos 11 membros do Conselho de Administração, seis foram indicados pelo governo federal. Nos bastidores, parte desses conselheiros vem mostrando alinhamento com a estratégia de Jair Bolsonaro, o que inclui ainda elogios recentes à troca no comando do Ministério de Minas e Energia, na semana passada.
Porém, uma fonte lembra que o “dever fiduciário é mais forte do que opiniões políticas”. Por isso, a maioria do Conselho é resistente a apoiar trocas na diretoria executiva sem justificativa e mudar a forma como a Petrobras decide o momento de reajustar seus preços. “Ser pró-Bolsonaro é uma coisa, mas ser contra a empresa é outra”, lembrou outra fonte.
Já se sabe também que o Conselho “dificilmente aprova” mudanças na diretoria executiva. Na quarta-feira, O GLOBO revelou que o governo pretende fazer mudanças em três diretorias, a financeira, a de tecnologia e de relações institucionais. Nos bastidores, as conversas vêm sendo intensas sobre os mecanismos que o governo federal vem buscando para tentar interferir na gestão fazendo parecer um processo “lícito”.
Uma das mudanças que estão sendo pensadas pelo governo, conforme revelou O GLOBO, é mudar cálculo do preço do petróleo. Hoje, a estatal trabalha com um preço conhecido como CIF, que inclui todos os custos envolvidos para importar o petróleo, inclusive seguro e frete. Esse preço é usado mesmo nos casos em que o petróleo é produzido no Brasil.
A ideia é que a Petrobras passe a ser usar o preço FOB que é o valor puro da mercadoria, sem levar em conta os custos envolvidos na importação.
Mas fontes lembram ainda que parte do governo federal defende alterar o texto do estatuto social da Petrobras, que prevê que a União compense a estatal em caso de uma orientação em relação aos preços. Durante o governo de Michel Temer, um dos artigos do estatuto passou a prever que a Petrobras somente assumirá obrigações ou responsabilidades, quando orientada pela União a contribuir para o interesse público, se for indenizada.
Enquanto isso, o preço da gasolina subiu pela quinta semana seguida, segundo o levantamento da a Agência Nacional do Petróleo (ANP), divulgado na última sexta-feira. O valor médio do litro passou de R$ 7,295 para R$ 7,298. Desde janeiro, o avanço é superior a 9,3% nas bombas.
Já o diesel subiu pela quarta semana seguida, passando de R$ 6,630 para R$ 6,847, também em patamar recorde. No ano, aumento é superior a 24%.