Mais de 4 mil trabalhadores processam Tesla por discriminação racial
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Mais de 4 mil trabalhadores processam Tesla por discriminação racial

Mais de 4 mil funcionários e ex-funcionários negros da Tesla, empresa automobilística da qual o bilionário Elon Musk, atual dono do Twitter, é CEO, processam a companhia por discriminação racial. É o maior caso deste tipo já registrado no Departamento de Emprego e Habitação da Califórnia, nos Estados Unidos. As informações são do  Los Angeles Times.

Segundo a reportagem, os trabalhadores da fábrica da Tesla em Fremont, Califórnia, ouviam frequentemente insultos racistas, eram segregados, recebiam tarefas mais difíceis e tinham mais dificuldade em serem promovidos.

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Uma ex-funcionária da empresa se queixou do trabalho exaustivo e contou ao jornal que recebeu uma função que antes era exercida por quatro homens para fazer sozinha e que, quando reclamou, ouviu de sua chefe: "Faça o trabalho ou perca seu emprego".

A mulher também disse que colegas brancos e latinos se digiriam a ela utilizando termos ofensivos, enquanto os asiáticos faziam "piadas de frango", um esteriótipo sobre negros americanos. Segundo ela, as ofensas raciais "eram a norma, a tradição de Tesla".

Ainda de acordo com o relato da ex-funcionária, os empregados negros ocupavam a "área mais desagradável e desconfortável" da fábrica. A mulher acredita que a companhia de Elon Musk promove uma "escravidão moderna".

A trabalhadora relatou ainda que Musk costumava passar em frente à fábrica "com sua comitiva" e que, nesses momentos, os colegas latinos eram deixados na frente enquanto os trabalhadores negros eram transferidos para os fundos. "Eles não queriam um rosto negro lá em cima", afirmou.

Ela apresentou uma queixa de assédio racial e discriminação ao RH da companhia. Após a reclamação, disse que não foi mais assediada, e que sua chefe foi demitida. Mais tarde, porém, encontrou a antiga superior trabalhando em outra função na fábrica.

Um ano depois, após um erro que desligou uma linha de montagem por 15 minutos, a ex-funcionária foi demitida da Tesla. Enquanto isso, outro funcionário que havia cometido um erro parecido foi mantido na empresa, apesar de ter causado uma inundação que desligou uma linha por horas, segundo ela.

Outra mulher que trabalhava na Tesla ecoou críticas parecidas ao Los Angeles Times.  Disse que frequentemente ouvia xingamentos racistas e homofóbicos de seus colegas.

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Após queixas ao RH, a ex-funcionária teria sido transferida para outras funções várias vezes. Em uma delas, afirmou que tinha que levantar 100 pacotes pesados por dia sozinha.

Durante o tempo de inatividade na fábrica, quando peças ou caminhões estavam atrasados ​​e o trabalho na linha diminuía, apenas os trabalhadores negros eram obrigados a fazer "limpeza geral", disse ela, ficando de joelhos para esfregar o chão e limpar as prateleiras, enquanto brancos e latinos eram autorizados a fazer pausas para descanso.

Ela saiu da Tesla em 2019. "Senti que fui forçada a sair", afirmou.

Outro trabalhador negro também se queixou de discriminação racial dentro da Tesla. Contou que, no início, gostou de trabalhar lá e que, inclusive, acabou sendo promovido.

O homem contou que ouvia ofensas racistas sendo direcionadas aos funcionários negros. Em uma das vezes, ele e outros colegas foram chamados de "macacos" por um superior.

Mesmo promovido, suas ideias nunca eram levadas a sério, segundo ele.

Embora temesse ser demitido, o ex-funcionário denunciou os casos de racismo ao RH da empresa. 

Seu primeiro encontro correu bem, disse ele. Designaram para o seu departamento uma mulher que "parecia querer ajudar". Mas na reunião seguinte, havia uma diferente que parecia menos preocupada. Chamado para conversar pela terceira vez, ele foi demitido.

Ao Los Angeles Times,  a Tesla contestou os relatos dos três ex-funcionários e alegou que eles não teriam feito reclamações à empresa sobre os episódios de racismo.

"A raça não tem nenhum papel em nenhuma das divisões de trabalho, promoções, remuneração ou disciplina da Tesla", disseram os advogados da empresa em comunicado. "A Tesla proíbe a discriminação, de qualquer forma".

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