A economista Marcela Kawati levou em conta o preço do prato com carne bovina, arroz, feijão, salada de alface e tomate e batata frita em 16 capitais
Reprodução: ACidade ON
A economista Marcela Kawati levou em conta o preço do prato com carne bovina, arroz, feijão, salada de alface e tomate e batata frita em 16 capitais

Não precisa perder muito tempo no supermercado para perceber: tudo está mais caro. A inflação acumulada medida pelo IBGE em março, de 11,3%, foi puxada pelo reajuste dos combustíveis, mas os alimentos também seguem nas alturas, e a alta do tradicional prato feito, queridinho dos brasileiros, foi ainda pior - de 23%, mais que o dobro do acumulado no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O cálculo é da economista Marcela Kawati, da Prada Assessoria, que levou em conta o preço do prato com carne bovina, arroz, feijão, salada de alface e tomate e batata frita em 16 capitais. Os temperos usados no preparo (cebola, alho, sal, óleo de cozinha e azeite) também foram incluídos, além do gás de cozinha.

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O PF do Rio teve o sexto maior aumento em um ano, alta de 26%. A capital gaúcha, Porto Alegre, encabeça o ranking, com alta de 34%, seguida pela Grande Vitória, no Espírito Santo, com 33% e Aracaju, no Sergipe, com 32%.

"Dessa vez não tem um único vilão. Todos os artigos dentro do prato feito estão subindo. São artigos essenciais, que as pessoas mais precisam. Isso está corroendo a renda principalmente dos mais pobres, e para quem tem a sorte de ter um salário reajustado pela inflação, o poder de compra também não aumenta", explica a economista.

A população sente no bolso o aumento de preços na conta do mercado e também nos restaurantes. Em alguns estabelecimentos, quando o repasse das altas já não é mais possível, entra em cena a chamada "engenharia do cardápio": a substituição de alguns itens nas receitas e até mesmo a saída de alguns pratos do menu.

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"Eu tinha um cardápio normal com pratos executivos. Aí mudei, fiz um cardápio mais em conta, sem carne vermelha, com mais cortes de frango, suíno, omelete, linguiça calabresa e filé de peixe. Diminui também o número de acompanhamentos, de três para dois. Continua uma boa refeição, com um preço mais justo para o restaurante e os clientes", diz Sergio Valente, dono de um restaurante no Centro do Rio.

No IPCA de março, alimentos como cenoura e tomate dobraram de preço no intervalo de um ano. A cenoura subiu 166% em 12 meses e o tomate, 95%. Já a batata-inglesa, da batata frita, aumentou 35%, e a alface, 30,49%.

"A inflação dos alimentos talvez seja o maior desafio para o setor agora. Viemos de dois anos de uma crise muito profunda por conta da Covid, com o fechamento de muitas empresas, e aquelas que chegaram até aqui estão com um passivo muito elevado. O preço dos insumos agora está no topo da preocupação", avalia Fernando Blower, presidente do Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio (SindRio).

Mesmo dono de um restaurante, Iran Guerreiro ainda sente a alta maior na hora das compras para a família:

"Eu chamo de malabarismo. A carne aumentou, mas eu não posso tirar do cardápio. na salada, o tomate aumentou muito, a cenoura também. Se eu repassar esse aumento ou tirar algo do cardápio, perco o cliente", afirma

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