Desde 1º de abril o preço dos medicamentos tiveram um reajuste de 10,89%, conforme autorizado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), que define o preço máximo ao consumidor em cada estado. No entanto, menos de um mês depois, representantes da indústria farmacêutica defendem mudança no teto de preço dos medicamentos para, segundo eles, evitar desabastecimento, como tem ocorrido com a dipirona injetável, utilizada em hospitais.
Conforme o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), "inúmeros medicamentos tradicionais e confiáveis, de uso disseminado em clínicas e hospitais no país, têm seu preço de venda autorizado pelo governo em valores inferiores aos custos de produção".
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O sindicato avalia que a causa da escassez do analgésico está ligada à disparada dos custos de produção, que chegaram a um patamar capaz de desestimular a indústria, além do peso do câmbio sobre o insumo importado.
Eles defendem uma revisão na política de preços, hoje regulados pela CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos), que impõe teto ao valor dos produtos.
"O fato é que o controle de preços vigente do país impede o ajuste de preços necessário à continuidade da produção de produtos essenciais por parte de muitas indústrias farmacêuticas, sob pena de comprometer o equilíbrio financeiro dessas empresas e sua sobrevivência como geradoras de empregos, pagadoras de tributos (aliás, os mais altos do mundo) e promotoras de bem-estar", informou em nota.
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Diferentemente do que tem acontecido em hospitais, a dipirona vendida para o consumidor final nas farmácias em outros formatos como os comprimidos não registrou problema de produção, segundo o Sindusfarma.
De acordo Nelson Mussolini, presidente da entidade, essa categoria de medicamento, isento de prescrição médica, é livre do controle de preços, ou seja, a própria indústria é quem define o valor cobrado.
O valor do novo teto de preços, no entanto, não foi informado pelo Sindusfarma, que reafirmou a necessidade de modernizar o modelo de regulação de preços de medicamentos no Brasil.
Inflação acumulada
No acumulado de 2021 e 2020, os medicamentos subiram, em média, 3,75%, enquanto a inflação geral no Brasil saltou para 15,03%, gerando uma diferença para menos de 11 pontos percentuais. No mesmo biênio, os alimentos subiram 23,15%, e os transportes, 22,28%, de acordo com o IBGE. Ou seja, quase seis vezes mais do que os medicamentos.
Em 2021, os medicamentos subiram 6,17% ante a inflação geral de 10,06%, de acordo com o IPCA, medido pelo IBGE. Em 2020, a inflação dos medicamentos foi negativa (-2,28%), ante a carestia geral de 4,52%.