Com o aumento nos preços dos alimentos, muitos consumidores estão mudando seus hábitos, se "adaptando" e comprando produtos próximos ao vencimento. Além de ser uma saída para muitas famílias que buscam economizar, a prática também ajuda a evitar gastos e desperdícios nos mercados e indústrias. Em entrevista ao DIA, especialistas explicaram as causas da prática, cada vez mais comum nos lares brasileiros.
De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômico, (Dieese), em março deste ano, o valor do conjunto dos alimentos básicos aumentou em todas as capitais. As altas mais expressivas ocorreram no Rio de Janeiro (7,65%), em Curitiba (7,46%), São Paulo (6,36%) e Campo Grande (5,51%).
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A menor variação foi registrada em Salvador (1,46%). São Paulo foi a capital onde a cesta apresentou o maior custo (R$ 761,19) em março, seguida pelo Rio de Janeiro (R$ 750,71), Florianópolis (R$ 745,47) e Porto Alegre (R$ 734,28).
O economista e professor universitário Ricardo Macedo afirmou que, apesar de natural, a maior causa para a procura destes alimentos prestes a vencer é o aumento da inflação junto à queda do rendimento médio do brasileiro.
"Esse movimento é natural, principalmente nas classes mais baixas. Apesar da recuperação de algumas posições no mercado de trabalho, seja de maneira informal ou de carteira assinada, o rendimento médio caiu, mas o preço dos alimentos subiu bastante. Para manter a quantidade de alimentos que está habituada a comer, a população tem optado por comprar esses produtos com preços baixos, mas que vão vencer mais rápido"
Para ele, uma das formas de conseguir economizar é prestando bastante atenção nessas promoções. Macedo ressaltou ainda que existem outras saídas para não gastar tanto nas compras.
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"Essa é uma forma que se tem de administrar o rendimento frente à inflação, que tem subido, e a queda do rendimento médio. Para conseguir comprar alimentos com prazos relativamente menores, você precisa ficar atento dessas promoções. Para fugir dos preços caros, existem outras alternativas, como pesquisar muito antes de ir as compras e procurar produtos substitutos quanto à questão calórica. Se a carne de boi está cara, você opta pelo frango. Esse é o caminho que tem sido feito pelo brasileiro", pontuou.
Segundo o consultor especialista em varejo Marco Quintarelli, diversos mercados têm adotado a prática, e isso se deve não somente ao aumento da procura por aquele produto que estava "parado", mas também à economia que vender esse produto, ao invés de trocar com os fornecedores, traz.
"Isso é muito comum e vem se consolidando cara vez mais, por que quando um produto altamente perecível não gira o suficiente, não vende, o mercado tem que se 'ver livre' disso. A loja comprou esse produto e precisa vender. Não vendendo, ela tem dois caminhos: ou descartar ou trocar com o fornecedor, que às vezes possui políticas de troca", afirmou Quintarelli.
"Só que os mercados descobriram uma maneira de todo mundo sair ganhando. Quem sai ganhando? O varejo e a indústria, que precisam fazer a troca, evitando gastos com logística e movimentações. Dessa forma as lojas resolveram negociar com os fornecedores para que o produto que irá vencer seja posto à venda por um preço mais barato. O varejo passa a ter uma margem menor, pelo produto estar próximo a data de vencimento, mas o produto vende mais rápido", explicou o especialista.
Ainda segundo Quintarelli, o consumidor só tem a ganhar com esse movimento dos mercados e fornecedores. "Essa prática faz com que os preços caiam, e quem ganha com isso é o consumidor, que vai consumir o produto sabendo que o prazo de validade está próximo, mas pagando mais barato. Isso é benefício para o varejista, para o fornecedor e para o consumidor", completou.