Presidente do BC afirma que maior inflação desde 1994 foi 'surpresa'
José Cruz/Agência Brasil
Presidente do BC afirma que maior inflação desde 1994 foi 'surpresa'

 O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou, nesta segunda-feira (11), que o índice do IPCA para março, que foi a maior inflação para o mês desde 1994, surpreendeu, e ponderou que o núcleo de inflação no país está muito alto.

"Teve um índice mais recente que saiu e foi uma surpresa. A gente via uma velocidade da passagem do preço da gasolina para a bomba um pouco mais rápido, por isso esse próximo índice seria um pouco maior e o próximo um pouco maior. Em parte foi isso, mas teve outros elementos, como vestuário e alimentação fora do domicílio, que vieram numa surpresa grande", afirmou Campos Neto em evento do mercado financeiro.

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A inflação acelerou em março e subiu 1,62%, segundo dados divulgados pelo IBGE. Foi a maior alta para um mês de março desde 1994 e também a maior inflação mensal desde janeiro de 2003 (2,25%). Com o resultado, o IPCA acumula alta de 11,30% em 12 meses, maior índice desde outubro de 2003. O número veio acima do esperado pelo mercado e analistas já revisam as projeções para juros de 13,5% e inflação em 8% este ano.

Segundo Campos Neto, o BC está analisando esses elementos a fim de verificar se mudará algo na análise para a tendência da inflação. Ele ainda disse que essa aceleração na inflação ocorreu também em outros países, em diferentes magnitudes, mas reconheceu que é um problema para o Brasil:

"A realidade é que nossa inflação está muito alta, o núcleo está muito alto. A gente tem comunicado com maior transparência possível nosso processo de enfrentamento a essa inflação mais alta e mais persistente e é um tema que a gente vai discutir muito nos próximos dias."

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A elevação do preço da gasolina e combustíveis é um dos reflexos da guerra no leste europeu. Por outro lado, o conflito acabou fazendo com que o real tivesse uma apreciação frente ao dólar, o que pode causar algum alívio no preço dos alimentos:

"A aceleração da passagem do preço da gasolina para a bomba só transfere um pouco da inflação de um mês para o outro. Essa queda do dólar serviu como um contraponto na alta de commodities, mas na parte de combustíveis isso não se deu porque combustível subiu mais."

Em relação à projeção de PIB, Campos Neto voltou a afirmar que haverá revisões para cima, porque os números de ponta estão um pouco melhores, como o caso de concessão de crédito.

"Os números estão um pouco melhores. Não estamos falando de crescimento esplendoroso, mas estão um pouco melhores."

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