José Mauro Ferreira Coelho: ex-secretário do MME será indicado pelo governo para comandar a Petrobras
Jefferson Rudy / Agência Senado/7-10-2019
José Mauro Ferreira Coelho: ex-secretário do MME será indicado pelo governo para comandar a Petrobras

Indicado pelo governo para assumir a presidência da Petrobras nesta quarta-feira (6), José Mauro Coelho era funcionário concursado da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), onde chegou à diretoria, e foi secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME).

O governo também definiu a indicação de Marcio Andrade Weber, que já é conselheiro da estatal, para assumir a presidência do Conselho de Administração: 'Recebo com muito orgulho', disse ele.

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José Mauro  pediu demissão do cargo em outubro do ano passado, após pouco mais de um ano na função, no mesmo dia em que houve uma debandada no Ministério da Economia.

Na ocasião, o MME justificou que a saída foi justificada por decisão pessoal e que o secretário cumpriria uma quarentena profissional antes de migrar para a iniciativa privada, mas ele acabou não assumindo nenhuma função, a não ser a presidência do Conselho de Administração da PPSA.

A indicação de José Mauro ao comando da Petrobras ocorre dois dias após a desistência de Adriano Pires, em razão de conflito de interesses. O atual presidente da estatal, Joaquim Silva e Luna, foi demitido do cargo na semana passada por insatisfação de Bolsonaro com o preço dos combustíveis.

Defesa da política de preços

Pelo seu histórico, a tendência é de que o novo presidente da Petrobras mantenha a defesa da atual política de preços da estatal. Quando ainda era secretário do MME, e antes mesmo da crise de preço e abastecimento do petróleo, causada pela guerra entre Rússia e Ucrânia, Coelho já era chamado para explicar como funcionava a política de preços de combustíveis.

Em uma entrevista no fim do ano passado ao programa "Brasil em Pauta", ele afirmou que o aumento dos preços dos combustíveis e da energia é uma tendência mundial, ou seja, não se restringiam à realidade brasileira.

"Os combustíveis são derivados do petróleo, que é uma commodity precificada em dólar no mercado internacional. Se o preço do petróleo aumenta, o dos combustíveis aumenta também", afirmou.

Essa é a explicação que o governo usa para justificar as elevações dos preços dos combustíveis, incluindo gasolina e gás de cozinha, para o consumidor. Outra razão para essa dependência do mercado internacional é que o Brasil, apesar de investimentos feitos em refinarias de petróleo, é um grande importador desses produtos e os preços no mercado doméstico precisam ser competitivos.

" Se assim não fosse, não teríamos nenhum agente econômico com vontade de trazer derivados de petróleo para o mercado doméstico e isso traria desabastecimento para o país", ressaltou.

Coelho também apontou dois outros fatores bastante conhecidos. Um deles é que o petróleo é precificado no mercado internacional e está diretamente relacionado com o câmbio, ou seja, dólar x real. Por isso, o que acontece na cotação do produto tem impacto no mercado doméstico.

O segundo argumento, bastante explorado pelo presidente Jair Bolsonaro e sua equipe, é a cobrança do ICMS, imposto estadual. Ele explicou que, enquanto a tributação federal corresponde a um valor fixo por litro, o ICMS é um percentual sobre o preço final do combustível.

"O ICMS tem o potencial de aumentar ainda mais o preço. É um efeito cascata: o combustível aumenta e o valor do ICMS em relação ao litro aumenta também", disse.

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Indicação surpreendeu

A indicação de José Mauro Ferreira Coelho para a presidência da Petrobras causou surpresa entre especialistas do setor de petróleo e gás. Segundo um executivo que prefere não se identificar, ele tem conhecimento da área, mas não tem experiência na condução de empresas, sobretudo de uma estatal de grande porte e complexidade, como a Petrobras. 

"Ele tem conhecimento, mas não tem experiência como executivo. Resta saber se vai ter pulso para pilotar a Petrobras, que é um A 380 (Airbus), um transatlântico", disse um representante do setor.

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Segundo esse executivo, a troca de Joaquim Silva e Luna por Coelho é ruim. A sua avaliação é de que Silva e Luna tinha voz de comando e força na empresa.

Para outro executivo, a mudança fragiliza a governança da Petrobras, justamente, pela falta de experiência de Coelho como executivo. Se não tem experiência, não tem bagagem, não passou por momentos tensos, a tomada de decisão fica mais difícil, disse o interlocutor. Há uma enorme diferença entre o setor público e privado e a vida dele é de funcionário público.

Já a indicação de Márcio Andrade Weber para a presidente do Conselho de Administração da Petrobras é elogiada por representantes do setor de petróleo. Ele tem experiência, já foi da Petrobras e é conselheiro, disseram especialistas.

Para o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), a indicação de Coelho para a presidência da Petrobras foi uma boa escolha:

"Ele é afinado com o ministro Bento (de Minas de Energia), foi secretário do Ministério até pouco tempo e conhece o pensamento do governo."

Experiência acadêmica

José Mauro é presidente do Conselho de Administração da PPSA, estatal que cuida da comercialização de óleo e gás que o governo tem direito em contratos do pré-sal. Ele é bacharel em Química Industrial, mestre em Engenharia dos Materiais pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e doutor em Planejamento Energético pelo Programa de Planejamento Energético (PPE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Ele chegou atuar como oficial da artilharia do Exército entre 1983 e 1991. Na EPE, esteve à frente da diretoria de Estudos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Ele tem mais de 25 anos de experiência profissional, atuando nos setores de petróleo, gás natural e biocombustíveis. Também foi professor na graduação e pós-graduação, e tem três livros publicados e mais de 30 trabalhos científicos apresentados ou publicados no Brasil ou exterior.

Ele também já recebeu condecorações como a Medalha Prêmio Correia Lima concedida pelo Exército Brasileiro; a Moção Honrosa da Câmara Municipal do Rio de Janeiro e o Prêmio RenovaBio: Plano Nacional de Biocombustíveis, concedido pela DATAGRO.

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