Passagens aéreas vão encarecer
Calebe Murilo
Passagens aéreas vão encarecer

Os preços das passagens de avião no Brasil aumentaram em março e devem seguir em alta este mês. A subida do preço do petróleo em meio à guerra da Ucrânia está afetando um dos principais insumos das aéreas, o querosene de aviação.

Levantamentos realizados pelas plataformas Kayak e Decolar, tendo como base as tarifas médias praticadas no mês passado, mostram subidas acentuadas nas rotas de alta demanda, especialmente no mercado doméstico.

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Na comparação com fevereiro, um levantamento da plataforma Decolar que leva em conta as rotas que têm origem nos aeroportos de São Paulo (Congonhas e Guarulhos) mostra aumentos entre 16% e 40%.

O bilhete de São Paulo ao Rio de Janeiro, por exemplo, custava ao passageiro R$ 504,19 em média em fevereiro e passou a R$ 598,99 no mês passado, uma alta de 19%. Para Recife, passou de R$ 559,82 para R$ 783,57, alta de 40%.

No levantamento da Kayak, que considera a média das passagens de diferentes origens, a alta é ainda maior. Na comparação com o mês de janeiro, os preços de passagens para São Paulo e Rio de Janeiro partindo de diferentes locais subiram 49% e 47% no período, respectivamente. O preço médio de um bilhete a São Paulo em março foi de R$ 1.021 e ao Rio, R$ 1.037.

Os dez destinos nacionais com maior demanda tiveram aumentos de preço superior a 30% na comparação entre janeiro e março. A lista inclui Recife, Salvador, Fortaleza, Maceió, Porto Alegre, Brasília, Natal e Florianópolis. A subida mais acentuada foi a da capital catarinense, de 51%.

No caso das passagens internacionais, os reajustes de fevereiro a março têm sido menores, segundo as pesquisas das duas plataformas.

De acordo com o Kayak, o preço médio aumentou 13% a Lisboa e caiu 4% a Buenos Aires no período. São os dois destinos mais buscados por brasileiros no momento.

Já o Decolar observou a mesma queda de 4% na passagem de São Paulo a Buenos Aires, para onde o brasileiro poderia viajar, em média, por R$ 1.310 em fevereiro e por R$ 1.260 em março. Os bilhetes de São Paulo a Milão, outro destino muito procurado por brasileiros na plataforma, passaram de R$ 3.288 a R$ 3.511 no mesmo período, subida de 7%.

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A diretora de voos da Decolar, Daniela Araújo, afirma que a demanda doméstica mais aquecida ajuda a explicar a diferença entre os reajustes da aviação regional e da internacional.

"O aumento dos preços e combustível de aviação conta muito nessa alta, mas na aviação doméstica há ainda a demanda que estava aquecida nos últimos meses, diferentemente do cenário da aviação internacional, cuja demanda tem crescido mais nas últimas semanas com a flexibilização de algumas barreiras sanitárias, especialmente na Europa", afirma a executiva.

Daniela destaca ainda a queda do dólar nas últimas semanas, que ficou na menor cotação em dois anos. A valorização do real ajuda a mitigar em parte a alta do combustível e pode ser um estímulo também para viagens ao exterior.

Para André Castellini, sócio da consultoria Bain&Company, as margens das companhias aéreas são apertadas, e as empresas já têm operado no prejuízo, mesmo com o aquecimento recente:

"Elas não têm espaço para segurar aumentos de custo ao consumidor, houve queda na demanda por passagens, principalmente no Brasil. As empresas são obrigadas a cortar voos, o que atrasa a retomada completa do setor."

O especialista lembra que o preço do barril de petróleo já vinha subindo antes da guerra na Ucrânia, o que fez o querosene de aviação quase dobrar de preço em 2021. Agora, com o conflito, o preço do combustível voltou a subir.

Recuperação adiada

A situação atual fez com que a consultoria reajustasse para baixo suas previsões de retomada para a aviação doméstica brasileira.

"Prevemos que, em julho, a demanda esteja em 90% do que era antes da pandemia, mas revisamos a estimativa para dezembro, que estava entre 100% e 105%, para 95%. O impacto vai ser maior na baixa temporada", diz o executivo.

Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio do litro de querosene de aviação subiu 15,7% de janeiro a março. O combustível responde no geral por cerca de 35% dos custos das companhias aéreas. Na última sexta-feira, o preço do combustível foi reajustado em 18%.

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