Preço do botijão de gás pela metade? Chineses inventaram o vírus da Covid-19? Brasil cresce acima da média? Veja declarações falsas do ministro da Economia
Durante o primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro (PL), Guedes afirmou mais de uma vez que o botijão de gás poderia cair pela metade. Em 2019, o produto chegava a custar, em média, R$ 69,24, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Hoje, está em R$ 113,24.
Em 2020, em entrevista à revista Veja, Paulo Guedes disse que com R$ 3 bilhões, R$ 4 bilhões ou R$ 5 bilhões, o Brasil conseguiria aniquilar os impactos da pandemia de Covid-19. Somente naquele ano, o país gastou R$ 524 bilhões no combate ao vírus, sendo R$ 293 bilhões apenas com auxílio emergencial. O número é 100 vezes maior do que o previsto por Guedes.
Em janeiro de 2021, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério da Economia, apontavam que o Brasil teria criado 142.690 empregos com carteira assinada em 2020. Meses depois, uma revisão feita pelo Ministério do Trabalho e Previdência revelou que foram criadas 75.883 vagas formais, o que representa uma queda de 46,81% na comparação com o número divulgado inicialmente.
No final de abril de 2021, Guedes disse que a China “inventou” o vírus da Covid-19 e que a vacina do país asiático “é menos efetiva do que a americana”. Até hoje, mais de 6 milhões de pessoas já morreram pela doença no mundo todo. Só no Brasil, foram 660 mil mortes. Autoridades de saúde também já comprovaram que todas as vacinas disponíveis no mercado são seguras e eficazes contra o coronavírus.
No ano passado, Guedes havia afirmado que o então ministro da Cidadania, João Roma, iria prorrogar o auxílio emergencial. Pouco tempo depois, a assessoria do Ministério da Economia desmentiu a informação e disse que Paulo Guedes se referia ao Auxílio Brasil, programa substituto do Bolsa Família.
No ano passado, o projeto Pandora Papers, do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), revelou que o ministro da Economia do Brasil tinha uma offshore em um paraíso fiscal no Caribe. Guedes era sócio da Dreadnoughts International, avaliada em US$ 9,5 milhões (aproximadamente R$ 51 milhões, em valores atuais). Ele teria deixado a direção da empresa em 2018. Ainda assim, o documento mostrou que o ministro pode ter lucrado R$ 14 milhões com a valorização do dólar apenas durante o período à frente da pasta.
Em novembro de 2021, durante uma viagem a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, Paulo Guedes afirmou a empresários que o Brasil estava “crescendo acima da média mundial”. O país fechou o ano com uma alta de 4,6% do PIB (Produto Interno Bruto). Ainda assim, o desempenho ficou abaixo da média mundial, de 5,5%.
Recentemente, durante o evento de lançamento do Plano Nacional de Fertilizantes, o ministro da Economia declarou que "tem mais iPhones no Brasil do que população". Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), realizada no ano passado, mostrou que existem 242 milhões de smartphones no país, ante 212,6 milhões de habitantes. Apesar de os dados indicarem que alguns brasileiros possuem mais de um telefone, 40,54% deles são da marca Samsung, segundo o StatCounter.
Chegando em seu último ano de governo, Bolsonaro ainda não conseguiu emplacar nenhuma grande privatização. A venda da Eletrobras está em análise pelo Tribunal de Contas da União (TCU), a dos Correios espera aval de parlamentares, e a desestatização da Petrobras “não deve ficar para este mandato”, segundo o próprio Guedes. As reformas administrativas e tributárias também são motivos de frustrações para o ministro da Economia. Ambas estão travadas no Congresso.
Nesta sexta (1º), o governo prorrogou por mais um mês a redução de 25% nas alíquotas do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI). Na semana passada, Guedes chegou a dizer que o corte no imposto seria ampliado para 33%.