O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, conversaram nesta quarta-feira (30) por telefone e debateram o fornecimento o gás russo.
O Kremlin quer que os "países hostis", ou seja, os que impuseram sanções, paguem o combustível fóssil em rublos e não mais em dólares ou euros. Para os alemães, isso é um violação do contrato e se negam a mudar o sistema de pagamento. Segundo a Interfax, os dois concordaram em continuar as conversas sobre o tema por meio de seus "respectivos especialistas".
Mais cedo, Berlim ativou seu plano de emergência para a questão do gás, já considerando um possível racionamento.
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Críticas do G7
Os países do G7 afirmaram nesta segunda-feira (28) que a exigência do pagamento do gás russo apenas em rublos "é inaceitável" e mostra que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, está contra a parede.
"Todos os ministros do G7 concordaram que esta é uma clara violação unilateral dos contratos existentes (...) o que significa que o pagamento em rublos é inaceitável", disse o ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, após reunião com seus homólogos do grupo.
Durante uma breve declaração aos jornalistas, o ministro alemão informou que todos os países-membros decidiram rejeitar a opção de pagar o gás em rublos.
"É evidente a tentativa de Putin de nos dividir, mas não seremos divididos e a resposta dos países do G7 é clara: os contratos serão respeitados", enfatizou Habeck.
Na semana passada, Putin informou que a Rússia não vai mais aceitar pagamentos de seu gás ou petróleo em dólares ou euros. Segundo ele, as quitações devem ser feitas apenas em rublos.
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A medida foi tomada após a União Europeia, o Reino Unido e os Estados - além de outros aliados - anunciar uma série de sanções duras contra a Rússia por conta da guerra na Ucrânia. Algumas das medidas acertaram em cheio empresas e oligarcas do setor de energia.
De acordo com Habeck, "a Rússia não é um fornecedor de energia confiável", principalmente "porque com suas ações na política mundial contribuiu decisivamente para uma perturbação global da paz e da ordem".
"Pedimos às empresas afetadas que não respondam ao pedido de Putin", reforçou o alemão, cujo país preside neste ano o G7 - grupo formado por EUA, Alemanha, Canadá, Itália, França, Japão e Reino Unido.
A Rússia, por sua vez, rebateu os líderes do G7, reforçando que não fará “caridade”. “A Europa não quer pagar o gás em rublos? Certamente a Rússia não distribuirá seu gás de graça, não faremos caridade", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Pesko, segundo a agência Tass.
Peskov declarou que “o fato de não fornecemos gás de graça é inequívoco” e que na atual situação da Rússia “dificilmente é possível e aconselhável engajar-se em caridade pan-europeia”.
Quando questionado sobre a decisão da Europa em se negar a pagar pelo gás russo em rublos, o porta-voz russo enfatizou que vão “resolver os problemas assim que estiverem disponíveis”.