Remédios vão encarecer em abril
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Remédios vão encarecer em abril

Os medicamentos de uso contínuo — que têm percentual máximo de reajustes determinado pelo governo — devem sofrer aumento nos próximos dias. A previsão é que os novos valores passem a vigorar a partir de 1º de abril. O índice de correção, no entanto, ainda não foi divulgado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). A previsão do mercado é que o reajuste fique em torno de 10%, o que deve elevar a preocupação em relação aos gastos com remédios. Segundo uma pesquisa sobre o comportamento dos consumidores em farmácias no Brasil, feito pelo Instituto Febrafar de Pesquisa e Educação Corporativa (Ifepec), em parceria com a Unicamp, as pessoas estão mais preocupadas em economizar: para 79,9% dos entrevistados, o preço foi determinante na escolha do local onde comprar.

Entre as dicas de economia listadas por Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), pesquisar preços e optar por remédios genéricos e similares podem garantir uma folga nos gastos nas farmácias.

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— Uma coisa que poucas pessoas sabem é que se tabela apenas o valor máximo dos remédios, mas o mínimo as farmácias podem estabelecer de acordo com suas estratégias comerciais — analisou Domingos.

Uma alternativa para conseguir gastar menos com remédios é fazer cadastros em programas governamentais que distribuem remédios de graça ou os vendem subsidiados, como o Farmácia Popular, do governo federal, o Riofarmes, do governo do estado, e as Clínicas da Família, da Prefeitura do Rio.

Uma das beneficiárias do Riofarmes é Francisca Lima Rodrigues, de 46 anos, moradora de Magalhães Bastos, na Zona Oeste do Rio. Ela já passou por maus pedaços por conta de uma enfermidade pouco conhecida: a doença de Crohn, que ataca o trato gastrointestinal e não tem cura. Mesmo assim, com bom humor, ela conta sua história:

— Sou manicure e fui diagnosticada em 2015 com essa doença autoimune. Tive que mudar completamente a minha vida. Para começar, ela não veio sozinha, trouxe junto uma retocolite que não me permite ficar sentada por muito tempo. Logo depois, veio a mudança na alimentação. Não posso comer mais nada. Por isso, estou com esse visual fitness — disse Francisca, que decidiu ajudar as pessoas que passam pelos mesmos problemas: — Faço parte de um grupo no WhatsApp e sempre ajudo quem não sabe como dar entrada no pedido de medicamentos, quem está doente e precisa de médico. A vida me deu limão e fiz uma limonada.

— Eu sei que minha doença mata, e eu não quero morrer. Sei que estou vivendo com uma granada nas mãos, mas não solto o pino. Por causa disso, tenho que usar remédios que a Riofarmes não distribui, como remédios para pressão, para ansiedade, calmante para dormir e antidepressivo — conta Francisca.

A manicure diz que não sabe como conseguirá comprar os remédios com reajuste. Ela já gasta R$ 209 por mês.

Na segunda-feira, Francisca estava Riofarmes, acompanhada da aposentada Antonia Souza Rego, de 73 anos. A idosa recebe um salário mínimo por mês (R$ 1.212) e não tem dinheiro suficiente para comprar os remédios de que precisa para tratar a doença de Darier, um espécie de escamação inflamatória na pele.

Renda vem de salgados e cocadas

Mônica Vieira Carneiro, de 56 anos, moradora de Campo Grande, na Zona Oeste, conta que não sabe como vai fazer para pagar os remédios de que necessita. Diagnosticada com câncer de tireoide em 2016, ela passou por cirurgia e descobriu que a doença tinha chegado à coluna cervical:

— Fiz todo o tratamento no Inca, e as cirurgias no Hospital da Lagoa, que também é público. Hoje em dia, preciso de uma série de medicamentos para ter qualidade de vida. A doença deixou sequelas.

Mônica pega a maior parte da medicação na Riofarmes, farmácia pública que distribui remédios de alto custo gratuitamente. Informações sobre a documentação para cadastro estão em  https://www.saude.rj.gov.br/medicamentos/medicamentos-especializados/como-ter-acesso . Funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. O atendimento é agendado.

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Mônica, porém, ainda precisa arcar com a compra de Rosuvastatina (R$ 15,99), Calcitriol (de R$ 77 a R$ 136), e Castanha da Índia (R$ 17).

— Quem vai querer me contratar? Preciso faltar ao trabalho para pegar remédios, fazer exames, ir ao médico — disse ela, que vive da venda de salgados e cocadas.

Mudança no perfil do consumidor

Na pesquisa realizada pela Febrafar, foram entrevistadas quatro mil pessoas em todo o país. Um dos pontos identificados pelo levantamento foi a mudança no perfil do consumidor: agora, 86% disseram participar de algum programa de fidelidade para garantir descontos em medicamentos. Outro ponto de destaque foi a queda na cesta de produtos adquiridos pelos paciente e a diminuição do valor do tíquete médio de vendas.

Segundo a pesquisa, a quantidade média de unidades adquiridas em uma cesta de compras caiu de três medicamentos, em 2020, para 2,6, em 2021. O valor do tíquete médio baixou de R$ 55,02 para R$ 43,71 — uma redução de 19%. O valor médio de compra por item caiu de R$ 18 para R$ 16,81.

— Fazer pesquisa sobre o retrato do comportamento dos consumidores no varejo farmacêutico nacional é primordial para apoiar as iniciativas internas — disse Edison Tamascia, presidente da Febrafar.

Todas as Clínicas da Família e os centros municipais de saúde distribuem medicamentos. Basta o paciente apresentar a receita médica. A medicação é entregue na própria unidade em que a pessoa foi atendida ou é cadastrada.

Como economizar na compra
1. Pesquise preços

Pesquise em várias farmácias, porque os preços variam muito, e algumas drogarias cobrem os valores da concorrência. É importante também pesquisar o mesmo medicamento em vários laboratórios, pois os custos são diferentes.

2. Avalie genéricos e similares

Na grande maioria das vezes, os medicamentos genéricos ou similares são mais em conta. Importante: quando o médico fizer a prescrição, solicite que informe o princípio ativo em vez da marca.

3. Programa Farmácia Popular

Muitas farmácias participam do programa público Farmácia Popular, que oferece medicamentos gratuitos de hipertensão, diabetes ou asma para pessoas que apresentem receita médica. O programa também concede descontos de até 90%. É necessário ir a uma farmácia credenciada, apresentar a receita e a identidade.

4. Utilize programas de fidelidade

A grande maioria das farmácias têm programas de fidelidade com grandes benefícios. Mas, além disso, existem os programas dos laboratórios. Faça seu cadastro, pois são aceitos em muitas farmácias, gerando uma economia de até 70%. Algumas empresas, planos de saúde, sindicatos ou associações de classes profissionais têm parceria com redes de farmácias.

5. Defina o que quer comprar

"É importante ter bem claro o que deseja comprar na farmácia. Para isso, faça uma lista de produtos, evitando comprar por impulso", orienta Reinaldo Domingos, da Abefin.

Fonte: Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin)

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