O reajuste de tarifa aplicada em corridas da Uber e da 99 aos usuários começou a valer nesta segunda-feira (14), uma reação ao aumento no preço dos combustíveis iniciado na última sexta-feira. Na prática, motoristas relatam que não receberam nenhum incremento no valor repassado, e alguns já estudam o desligamento das plataformas por não compensar mais.
Na última semana, a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) anunciou reajuste nas refinarias, que foi repassado às bombas na última sexta-feira. A Uber anunciou aumento de 6,5% no valor das corridas, e a 99, de 5% por quilômetro rodado no ganho do motorista.
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Na avaliação de entidades do setor, não houve aumento real no bolso dos motoristas, e a proposta das empresas veio bem abaixo da inflação acumulada. Para o presidente da Associação de Motoristas Particulares Autônomos do Rio, Denis Moura, há falta de transparência sobre o valor repassado aos motoristas, que não foi descrito pela Uber.
"A nota que eles mandaram para os motoristas não mostra data nem nada. O diretor da 99 me passou hoje que eles vão aumentar em 5% para nós, mas é conversa. Eles dizem que vão aumentar o repasse, mas hoje cobram 40%"< conta.
Moura explica que os principais efeitos serão a redução de carros nas praças, o que por sua vez também leva ao aumento da tarifa dos aplicativos, e os motoristas que estão rodando vão precisar escolher mais as corridas que valem a pena para evitar o prejuízo.
Luiz Corrêa, presidente do Sindicato dos Prestadores de Serviço por Aplicativo do Rio, aponta que, com a nova mudança, os motoristas acabam tendo que pagar para transportar passageiros, levando em conta a taxa dos aplicativos por corrida e o aumento dos combustíveis — que tem alta de 44% nos últimos 12 meses, segundo dados mais recentes do IBGE.
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A Uber informou que o repasse dos valores começou a ser operacionalizado nesta segunda-feira, mas a implementação total ainda pode levar alguns dias. Mas informa que “tanto o motorista quanto o usuário sabem o valor de cada viagem antes de acontecer, então podem tomar suas decisões a partir dessa informação”. A 99 voltou a reforçar que o objetivo é aplicar o reajuste de 5% por quilômetro rodado em todas as 1,6 mil cidades em que opera, mas não informou quando começará a aplicá-lo.
Aperto no bolso e no volante
Quem sente no volante é o motorista de Uber Luiz Carlos Nascimento, trata o aumento como “irrisório”, em comparação com os gastos com o carro:
"Não chega nem perto dos aumentos que tivemos em combustíveis, pneus, óleos lubrificantes de motores. Infelizmente, não vejo posicionamento a nosso favor, nem preocupação da empresa com os motoristas."
Do outro lado, a preocupação da diarista Simone Dias, moradora de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, são os preços galopantes. Para chegar ao trabalho nesta segunda-feira, um trajeto de 2 km de casa, se assustou com o valor no 99: R$ 18 reais. O percurso, que há duas semanas custava até R$ 9 nas plataformas, bateu R$ 25 na Uber. Para ela, o transporte deixa de ser uma opção viável:
"Como eu sou diarista, trabalho por dia. Então, se tiver tirando R$ 20 do bolso para Uber, já me faz falta. Na volta, tive que pegar um ônibus porque não tinha como dar mais R$ 15 para uber. Esses valores vão aumentando e o salário da gente não aumenta."