O presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, negou que haja uma definição sobre um novo reajuste no preço dos combustíveis. A estatal é pressionada pela maior defasagem no preço em dez anos devido à alta do barril de petróleo provocada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia.
A Petrobras informou que monitora o conflito, mas a recente queda do dólar ajudou a balancear o preço dos derivados de petróleo.
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Em entrevista à Reuters, Luna disse que, após a invasão da Rússia à Ucrânia, o mercado do petróleo ficou "nervoso" e com muitas "incertezas".
"O mundo mergulhou num cenário de incertezas [com a guerra]", disse Luna à Reuters. "É isso que estamos estudando", acrescentou ele ao ser questionado até quando a Petrobras suportaria a alta de preços do Brent, sem fazer ajustes nas cotações dos derivados de petróleo no mercado interno.
Nesta quarta, a estatal completa 50 dias sem uma nova alteração no preço dos combustíveis.
De acordo com cálculos da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem entre o valor da gasolina e do diesel no país e o cobrado lá fora chegou a 25% , o maior patamar já registrado.
Segundo Sergio Araujo, presidente da Abicom, seria necessário um reajuste de R$ 1,11 no litro do diesel e de R$ 0,87 na gasolina.
Na gestão do atual presidente, Joaquim Silva e Luna, a empresa tem espaçado mais os aumentos, tentando diferenciar fatores pontuais e conjunturais que afetam os preços, para evitar uma alta muito forte. Mas será difícil dissociar o contexto interno do externo nesse momento e evitar que os aumentos cheguem às bombas.
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Luna, no entanto, afirmou que analisa o cenário "minuto a minuto".
Senado pautou projeto dos combustíveis
Em meio à disparada do petróleo, após a invasão russa à Ucrânia, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), anunciou nesta quarta-feira (2) que os dois projetos de lei que tentam reduzir os preços dos combustíveis estarão na pauta da Casa na semana que vem.
"Na próxima semana, os dois projetos de lei que trazem medidas para controlar a escalada dos preços de combustíveis (PLP 11/2020 e PL 1472/2021) estarão na pauta do Senado", disse Pacheco pelas redes sociais.
"Mais do que nunca, diante do aumento do valor do barril de petróleo, precisamos tomar medidas que impeçam a elevação do preço dos combustíveis".
O ataque russo à Ucrânia e as consequentes sanções ao país do leste europeu pelo Ocidente levaram o preço do barril de petróleo tipo Brent a ultrapassar a marca de US$ 110 nesta quarta-feira. É o maior valor registrado desde 2014.
Isso pode colocar ainda mais pressão sobre os combustíveis no Brasil. Desde 2016, a Petrobras adota uma política de preços que se orienta pelas variações do petróleo no mercado internacional. Na semana passada, a estatal disse que estava monitorando os impactos econômicos da guerra na Ucrânia antes de definir um novo reajuste. O último foi anunciado em 11 de janeiro.