As agências de classificação de risco Fitch e Moody´s rebaixaram a nota de crédito da Rússia para junk ou "lixo", o que significa que as agências consideram que é grande a possibilidade de um calote do país.
Foi uma decisão brusca: a nota de crédito da Rússia foi rebaixada em seis níveis de uma só vez - o que não ocorria com nenhum outro país há 25 anos.
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A economia russa está sob fogo cruzado, com uma série de sanções impostas pelo Ocidente desde que Vladimir Putin decidiu invadir a Ucrânia, na semana passada.
Paralelamente, os provedores FTSE Russell e MSCI decidiram remover a Rússia de seus índices, por consideraram o investimento em seu mercado de ações insustentável. As decisões valem a partir de 7 e 9 de março, respectivamente.
As reservas internacionais russas foram congeladas em várias nações, seus bancos não conseguem fazer transações com o exterior, empresas decidiram se retirar ou suspender exportações para o país, desorganizando a cadeia produtiva local. E várias instituições financeiras enfrentam problemas de liquidez, com a corrida de cidadãos para saques.
O rublo já vale centavos de dólar, e as ações de empresas russas viraram pó, com desvalorização de 98% na Bolsa de Londres. Diante desse quadro, já há previsões de que a Moscou entrará em recessão neste ano, com uma contração de dois dígitos do PIB.
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As agências de classificação de risco têm uma escala de notas atribuídas a países e empresas, que são um indicador de sua solvência, mostram se é seguro ou não investir nos títulos públicos dos países ou ações das companhias.
Tanto a Fitch como a Moody´s rebaixaram a nota em seis níveis de uma vez só. Em geral, essa deterioração é gradual, com rebaixamentos sequenciais. Na semana passada, a S&P, outra agência de rating já havia rebaixado para junk.
No caso da Fitch, a nota da Rússia saiu de "BBB" para "B", com "observação negativa". No caso da Moody´s, o corte de de "Baa3" para "B3". A Fitch informou que o corte de seis níveis em apenas uma única revisão só ocorreu uma vez, em 1997, com a Coreia do Sul.
"A severidade das sanções internacionais elevou os riscos de estabilidade macroeconômica, representam um enorme choque e pode minar a disposição de pagamento da dívida pública", disse a Fitch em relatório.
Já a Moody´s disse em comunicado que as sanções "foram além das expectativas iniciais e terão implicações para o crédito (do país)".