Quando o clima está muito seco, o céu de Campo Mourão fica avermelhado por causa da poeira da terra da região
Luiz Fernando Martinez / Foto Arena
Quando o clima está muito seco, o céu de Campo Mourão fica avermelhado por causa da poeira da terra da região

Um levantamento feito pela Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aponta para perdas irreversíveis para os produtores dos quatro estados da federação mais afetados pela falta de chuvas no Centro-Oeste e Sul do país: Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. 

Com a estiagem, a CNA calcula um prejuízo superior a R$ 70 bilhões, valor que deixará de se transformar em renda para os agricultores. O motivo é uma redução de cerca de 24 milhões de toneladas na colheita de produtos como soja, milho, arroz e feijão, em relação ao potencial projetado em dezembro passado.  

O milho deverá ter uma redução de 5,2 milhões de toneladas em relação ao que se previa. Ou seja, havia um potencial de produção de 13, 3 milhões de toneladas, mas agora a expectativa é que a colheita fique em 8,2 milhões.

O prejuízo para os agricultores será de R$ 8,2 milhões, que deixarão de ser vendidos tanto no mercado interno como em exportações. O Rio Grande do Sul é o estado mais prejudicado.

No caso da soja, a situação é ainda mais grave. A estimava de safra na região, de 57,5 milhões de toneladas, caiu para 38,6 milhões, o que significa uma perda de 19 milhões de toneladas, com perdas financeiras projetadas em R$ 62 bilhões.  O Paraná lidera a quebra na produção em 7,7 milhões de toneladas.

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A safra nacional só não será mais afetada porque alguns estados, como Goiás e Mato Grosso, terão produções acima do esperado. Mato Grosso, que tinha um potencial de 38,3 milhões de toneladas de soja, deve colher 38,9 milhões. Goiás, que tinha uma estimativa de 14,2 milhões, subiu para 15 milhões.

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Prato tradicional do brasileiro, a dupla feijão com arroz também será atingida pela estiagem. A perda estimada para o feijão é de 125 mil toneladas, com prejuízo de R$ 610 milhões. O arroz terá uma produção 740 mil toneladas menor e os produtores terão uma renda menor em R$ 859 milhões.

"Com esses números, a safra de grãos do Brasil não chegará a 300 milhões de toneladas como se esperava", disse ao GLOBO o coordenador de produção agrícola da CNA, Maciel Silva.  

Em dezembro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projetava uma safra de grãos de 291,1 milhões. Se confirmado, o volume seria superior ao da produção do ano passado em 38,3 milhões de toneladas.  

Porém, este mês, um novo levantamento da estatal mostrou que a produção deve chegar a 268 milhões de toneladas. O total ainda seria 5% maior do que a safra anterior.

Segundo Silva, ainda não dá para calcular o impacto da estiagem sobre a inflação de alimentos. Mas ele afirmou que serão afetados não apenas os preços dos grãos, como também de carnes suína e de frango, já que os produtos são usados como ração animal e, portanto, insumos.

"Em março, teremos um quadro mais claro em função da evolução da conclusão da colheita e mensuração do impacto no rendimento de fato", disse.

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