O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o líder do governo na Casa, Ricardo Barros (PP-PR), passaram os últimos dias trabalhando ativamente em busca de um acordo para votar na semana que vem o projeto que libera os jogos de azar no país.
Na terça-feira (8), em reunião com o relator da proposta, deputado Felipe Carreras (PSB-PE), Lira reafirmou o compromisso de levar o projeto ao plenário até o fim deste mês. O martelo, contudo, deverá ser batido na reunião de líderes desta quinta-feira (10). Na ocasião, devem ser apresentadas sugestões de alteração ao texto.
Nem mesmo o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro (PL), que já declarou publicamente que vetará a legalização dos jogos, caso seja aprovada pelo Congresso, desestimulou as articulações dos caciques do Centrão, base de sustentação do governo e onde estão os principais entusiastas da mudança na legislação.
Questionado, Ricardo Barros foi objetivo a respeito da divergência. "Dá para votar na semana que vem. Esse não é um projeto do governo, que inclusive já se manifestou contra, mas do Congresso", afirmou.
Arthur Lira tem procurado lideranças para avaliar se há clima para a deliberação ocorrer nos próximos dias. Aliados do presidente da Casa buscam consenso para que a proposta seja votada na semana que vem. A ideia é aproveitar enquanto as sessões ainda ocorrem em sistema remoto, o que facilitaria a aprovação por usualmente garantir um quórum maior.
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A principal resistência à proposta vem da bancada evangélica, razão pela qual Bolsonaro está convencido a vetá-la, já que os religiosos integram sua base mais fiel.
A avaliação de membros do Centrão é que esse grupo de deputados não apoiará o projeto em nenhuma hipótese, independentemente da data para a qual for pautado. Além disso, o fato de a urgência — instrumento que dá preferência à uma determinada matéria para ser votada — ter sido aprovada com 293 votos favoráveis indica que a bancada evangélica não tem força suficiente para obstruir a votação.
Os evangélicos, por sua vez, tentam convencer Lira a deixar a deliberação pelo menos a partir de março, quando eles poderiam se organizar melhor no sistema presencial. Ao GLOBO, o deputado Marco Feliciano (PL-SP) disse que, se o projeto passar, conta com o veto do presidente Jair Bolsonaro.
"Torço para essa articulação não vingar, e, se vingar, que o presidente Arthur convoque para votação presencial todos os deputados. Vamos derrubar o PL. Caso ele (projeto) passe, contarei com a palavra do presidente Bolsonaro que prometeu vetar", alegou ele.