Livro de ata do Comitê de Políticas Monetárias do Banco Central
Sophia Bernardes
Livro de ata do Comitê de Políticas Monetárias do Banco Central

O Comitê de Políticas Monetárias (Copom) do Banco Central reajustou, nesta quarta-feira (2), a taxa básica de juros em 1,5 ponto percentual. Com isso, a Selic atinge 10,75% ao ano, o maior patamar em cinco anos.

Segundo o comunicado do BC, ainda há desconfianças sobre o arcabouço fiscal do país. Em nota, o Copom ainda prevê a inflação acima do teto central previsto pelo mercado financeiro. 

"Apesar do desempenho mais positivo das contas públicas, o Comitê avalia que a incerteza em relação ao arcabouço fiscal segue mantendo elevado o risco de desancoragem das expectativas de inflação e, portanto, a assimetria altista no balanço de riscos. Isso implica maior probabilidade de trajetórias para inflação acima do projetado de acordo com o cenário de referência".

"O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário de referência e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para as metas ao longo do horizonte relevante, que inclui o anos-calendário de 2022 e, em grau maior, o de 2023. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego", concluiu. 

A previsão do Banco Central é de novos aumentos nas próximas reuniões. Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, afirma que os reajustes só devem ser estabilizados em março, quando a Selic poderá ultrapassar os 12%

"O cenário acima é algo mais em linha com o esperado por nós, com a autoridade mostrando austeridade no combate inflacionário, cujas expectativas condicionais do próprio BC deverão apontar para algo como 5,0% para 2022 e 3,3% para 2023, ambas acima das respectivas metas de 3,50% e 3,25%", afirma.

O sócio-fundador da Fatorial Investimentos, Jansen Costa, lembra não haver consenso sobre os próximos aumentos. A expectativa é que em fevereiro a Selic seja reajustada em 1,5 p.p e em março um reajuste entre 0,25 p.p e 0,5 p.p.

"Nem todo mundo tem a clareza se será 0.5 p.p ou 0,25 p.p na reunião de março. Os fatores locais, dólar, além da pressão do IGPM e IPCA devem influenciar na decisão do Banco Central nos próximos meses", explica.

O mercado financeiro estima que o Copom deverá manter a taxa de juros em 12% durante este ano. Uma nova queda está prevista apenas para 2023.

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"Em outras palavras, o mercado deverá olhar mais a reunião de março do que a reunião de fevereiro. Haverá aumento sim, mas a partir de abril o Copom deverá focar em 2023  horizonte no qual o desvio para a meta é muito menor", avalia Étore.

Investimentos

Para quem quer começar a investir, a hora é agora. Os investimentos em renda fixa podem ser boa alternativa neste momento e poderá dar mais estabilidade para as finanças em meio à crise econômica.

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"O atual cenário vem ser bastante conservador, aplicar em pós-fixado fará com que o investidor dificilmente perca seu dinheiro. As rendas fixas têm se destacado nesse meio tempo com a taxa de juros mais alta. Quem tem medo de perder dinheiro em ações, é a melhor opção de investimento neste momento", afirma Jansen Costa.

O economista José Rita Moreira ainda alerta para a possibilidade de aumento em investimentos internacionais no Brasil com o reajuste da Selic.

"É importante dizer que os juros altos fazem com que o mercado financeiro comece a pagar mais. Então, podemos ter uma migração de recursos financeiros internacionais voltando para o Brasil. Nós já estamos vendo isso no dólar, por exemplo, que começa a cair. Com a taxa de juro alta, o dinheiro é melhor remunerado por aqui, e quando esse dinheiro é melhor remunerado o capital especulativo circula o mundo em busca de melhores oportunidades", ressalta Moreira.

Economia afetada

O ano de 2021 apresentou uma inflação acima dos 10%, mais que o dobro da meta central do Banco Central. Para tentar diminuir o número, o Copom optou por reajustar a Selic, o que impacta negativamente na economia do país.

Quem tem o nome ligado a financiamentos ou pretende fazer algum empréstimo é bom ficar em alerta. Os valores das parcelas vão aumentar.

"Ela [Selic alta] dificulta o acesso ao crédito porque os juros serão maiores. Então, muitos empresários que dependem de se capitalizar via crédito para poder investir em negócios vão ter alguma dificuldade", explica.

"Os preços devem continuar altos nos próximos meses. Sentimos o reflexo da Selic entre seis e sete meses. Vale lembrar que o Banco Central reajusta a Selic para segurar a aceleração da inflação", completa o especialista.

** João Vitor Revedilho é jornalista, com especialidade em política e economia. Trabalhou na TV Clube, afiliada da Rede Bandeirantes em Ribeirão Preto (SP), e na CBN Ribeirão. Se formou em cursos ligado à Rádio e TV, Políticas Públicas e Jornalismo Investigativo.

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