![Mercado formal registra crescimento de 2,7 milhões de empregos em 2021, mas renda do brasileiro cai Mercado formal registra crescimento de 2,7 milhões de empregos em 2021, mas renda do brasileiro cai](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/49/ap/ty/49aptywuos0pgtoetpkvk9ik5.jpg)
O Brasil criou 2.730.597 vagas de emprego formal em 2021, revertendo o fechamento de 190,7 mil vagas em 2020, primeiro ano da nova metodologia de cálculo do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
O salário médio de admissão, no entanto, vem caindo. Em dezembro de 2021, o salário de admissão médio foi de R$ 1.793,47. Em dezembro de 2020, o pagamento médio era de R$ 1.909,19. A redução foi de 6,06%.
Os números foram divulgados nesta segunda-feira pelo Ministério do Trabalho. O saldo de 2021 é fruto de 20.699.802 admissões e de 17.969.205 desligamentos de empregados com carteira assinada.
No mês de dezembro, como ocorre todos os anos, houve retração no mercado de trabalho e foram fechados 265.811 postos de trabalho, resultado de 1.437.910 admissões e de 1.703.721 desligamentos naquele mês. O salário médio ficou em R$ 1.793,47.
O resultado positivo de 2021 vem após uma série de ajustes na série do Caged que dissolveram o bom desempenho de 2020. O saldo de 2020 foi reduzido em 46,82% em relação ao divulgado pelo próprio governo no mês de janeiro daquele ano.
O desempenho do mercado formal em 2021 refletiu a retomada da economia no período de reabertura em meio à redução de casos de Covid.
Também mostrou os efeitos do programa de manutenção do emprego e renda (BEm), que permitiu a suspensão de contratos de trabalho e redução de jornada e salários, com um período subsequente de estabilidade no emprego.
Para Lucas Assis, analista da Tendências Consultoria, a expectativa é de que haja uma desaceleração dos empregos formais em 2022, resultado da perda de fôlego da economia e reflexo das incertezas do ano eleitoral e da evolução da pandemia, com o avanço da variante Ômicron, que deve limitar, mas não impedir o crescimento neste ano.
"No curto prazo, uma importante fonte de preocupação é a piora do quadro pandêmico por causa da Ômicron. A gente tem uma expectativa de que os efeitos sejam temporários, mais concentrados no primeiro trimestre, considerando as medidas de restrição e cancelamento de eventos festivos, o que acaba gerando ambiente de maior cautela nos consumidores e posterga a recuperação de serviços presenciais", avalia.
Na Tendências, a projeção é de que 2022 resulte na geração de 800 mil vagas de empregos formais, compatível com um ano de quase estagnação da economia – a consultoria projeta um PIB de 0,3% neste ano.
Recuperação do emprego com carteira
Em 2020, país fechou 191.455 postos formais.
Número de vagas em 2021
- Janeiro: 250.318
- Fevereiro: 392.677
- Março: 149.620
- Abril: 86.384
- Maio: 262.850
- Junho: 310.335
- Julho: 299.821
- Agosto: 378.346
- Setembro: 321.589
- Outubro: 244.286
- Novembro: 300.182
- Dezembro: - 265.811
Rendimento, porém, foi menor do que o de 2020
Salário médio de admissão
Dezembro/2020: R$ 1.909,19
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Dezembro/2021: R$ 1.793,47
Setor de serviços foi o que mais criou vagas em 2021
- Serviços: 1.226.026
- Comércio: 643.754
- Indústria: 475.141
- Construção: 244.755
- Agricultura e pecuária: 140.927
Serviços e comércio lideram abertura de vagas
Em 2021, todos os setores registraram saldo positivo para a geração de empregos. O grande destaque foi o setor de serviços, que puxou a retomada e criação de vagas ao longo do ano, encerrando 2021 com 1.226.026 novos postos de trabalho. Na sequência, veio o comércio, com 643.754 vagas.
Os dois setores haviam sido mais impactados pela pandemia e puxaram a reação do trabalho formal ao longo do ano passado.
A indústria foi o terceiro setor que mais gerou empregos com carteira assinada, com 475.141 vagas. Depois aparece a construção, com 244.755 postos, e agricultura, com 140.927 vagas.
Em relação aos estados, todas as unidades da federação terminaram 2021 com resultados positivos. O melhor desempenho foi de São Paulo, com saldo de 814.035. Minas Gerais também teve desempenho robusto, com 305.182 vagas. Na sequência vem o Rio de Janeiro, que fechou 2021 com saldo de 178.078 vagas.
No mês de dezembro, apenas o setor de comércio registrou saldo positivo. Foram 9.103 postos de trabalho criados no mês. Os demais apresentaram resultado negativo.
O pior desempenho em dezembro foi do setor de serviços, que teve o fechamento de 104.670 vagas. A indústria veio na sequência, com 92.047 vagas a menos. Depois, seguiram construção (- 52.033 postos) e agricultura (- 26.073).
Entre os estados, só dois tiveram resultado positivo: Alagoas, com 615 postos, e Paraíba, com 61. Os demais entes tiveram fechamento de vagas.
O estado de São Paulo concentrou a maior parte dos postos fechados, com 103.954 vagas a menos. Foi seguido de Santa Catarina (- 36.644 postos) e Paraná (- 24.346 vagas).
Caged X Pnad
O resultado do Caged segue critérios diferentes dos usados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) do IBGE. A última rodada da pesquisa, divulgada na semana passada, apontou nova diminuição na taxa de desemprego no Brasil, que foi de 11,6% no trimestre encerrado em novembro.
Ainda assim, há 12,4 milhões de brasileiros procurando por trabalho. O perfil das vagas criadas na reabertura, com menor qualificação e retorno do mercado informal, associada ao aumento da inflação provocaram forte queda na renda média do trabalhador, para o menor patamar desde 2012.
A Pnad considera vagas formais e informais e apresenta dados trimestrais. Já as informações do Caged refletem números mensais apenas de empregos formais.
Enquanto a pesquisa do IBGE investiga todos os tipos de ocupação, além de empresários e funcionários públicos, o Caged só considera aqueles que trabalham com carteira assinada.