Mais da metade (51%) dos brasileiros viu piora na situação econômica do país em 2021 em relação ao ano anterior, segundo levantamento divulgado nesta quarta-feira (26) pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo SPC Brasil, em parceria com a Offer Wise Pesquisas. Para 43% as finanças pessoais também piorara, enquanto 31% acreditam que não melhorou nem piorou, e para 23% houve melhora.
Em 2019, antes da pandemia de Covid-19, 26% avaliaram que a economia havia piorado e 30%, melhorado.
A pesquisa também aponta que 83% dos brasileiros precisaram fazer cortes no orçamento em 2021, sendo que 59% tiveram que redirecionar o dinheiro para pagamento de contas do dia a dia, 35% para pagar contas em atraso e 25% para economizar e guardar dinheiro.
Para a maioria dos entrevistados a grande culpada pela deterioração econômica foi a pandemia de Covid-19. Sete em cada dez entrevistados afirmaram que a vida financeira familiar sofreu impacto da pandemia (77%), enquanto 22% garantem que não.
O consumo durante a pandemia também mudou. Quatro em cada dez entrevistados tiveram que renunciar a produtos ou serviços que compravam, enquanto 32% tiveram que recorrer a alguma reserva de dinheiro que possuem. Já 31% ficaram muitos meses com as contas no vermelho (em 2019, antes da pandemia, eram 24%) e 25% ficaram desempregados.
Entre as mudanças no jeito de gastar o dinheiro, 55% reduziram as refeições fora de casa/delivery, 48% os itens supérfluos de supermercado e 44% cortaram a compra de vestuários, calçados e acessórios.
O presidente da CNDL, José César da Costa, destaca que apesar de o cenário de vacinação avançada trazer alívio, as consequências econômicas e sociais da pandemia impactam no crescimento do país e na renda da população.
“O desemprego elevado é, sem sombra de dúvidas, um dos grandes desafios a serem enfrentados pelo país e isso está ligado diretamente ao retorno do crescimento econômico, que ainda não alavancou. A renda da população foi fortemente afetada nos últimos dois anos e isso, somado aos preços elevados, traz insegurança para as famílias”, aponta Costa em nota.
Mudança de planos
A crise também impactou os planos de 92% dos consumidores, entre as desistências provocadas pela perda econômica estão: juntar uma reserva de dinheiro (29%), comprar ou reformar a casa (25%), fazer uma grande viagem (25%), pagar dívidas em atraso (20%) e comprar um carro/moto (18%).
Como razão para a mudança de rota, 57% justificaram que foi porque os preços das coisas estavam muito altos, 48% devido ao pouco dinheiro que dispunham e que mal permitia pagar as contas e 29% ficaram inseguros em gastar dinheiro.
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Informalidade cresceu com "bicos"
A pesquisa revela ainda que 55% dos consumidores estão insatisfeitos em algum grau com o padrão de vida atual. Outros 40% estão satisfeitos, sendo que 35% se dizem satisfeitos e 5% muito satisfeitos.
Para manter ou elevar o padrão de consumo, 40% afirma que precisou realizar trabalhos extras; 29% utilizaram o cartão de crédito; e para 17%, mais pessoas da família tiveram que trabalhar.
Com relação aos meios de sustento atuais, 34% exercem trabalho autônomo, 22% trabalham com carteira assinada e 22% fazem trabalhos temporários ou “bicos”.
Entre aqueles que afirmaram ter sido necessário realizar “bicos” para manter ou aumentar o padrão de vida, 19% afirmam estar trabalhando como diarista ou lavando roupa, 19% realizando serviços gerais de manutenção e 17% revendendo produtos.
Perspectivas para o futuro não são animadoras
De acordo com a pesquisa, 63% dos entrevistados esperam um cenário melhor em 2022, enquanto 17% não esperam diferença e 9% aguardam um cenário pior.
Mesmo assim, nove em cada dez brasileiros possuem algum temor quanto a sua vida financeira em 2022 (90%), sendo os principais: não conseguir pagar suas contas (52%, em 2019 era 39%), não ser possível guardar dinheiro (39%), ter que desistir de consumir coisas que gosta (24%) e não conseguir um emprego (24%).
Entre os otimistas, 46% afirmam que a economia deve se recuperar na medida em que a maioria das pessoas se vacinarem.
Já entre os que estão pessimistas, 47% acreditam que o Brasil continuará sofrendo com os efeitos da crise econômica, 45% não esperam uma recuperação econômica e 45% acreditam que o governo não irá realizar as reformas que o país necessita.