Wallace Landim, Chorão, líder caminhoneiro
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Wallace Landim, Chorão, líder caminhoneiro

A cada novo aumento no preço dos combustíveis, uma nova greve dos caminhoneiros é ventilada. O presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (ABRAVA) e líder da paralisação em 2018, Wallace Landim, mais conhecido como Chorão, no entanto, descarta nova paralisação "neste momento". 

“Nesse momento não dá, isso mataria a população. Todo mundo está sofrendo com a alta dos preços e novas gripes. Os caminhoneiros têm responsabilidade”, afirmou Landim, em entrevista a VEJA.

Com os novos reajustes, de 4,85% e 8,08%, consecutivamente, que começaram a vigorar nesta quarta-feira (dia 12), a  alta da gasolina no período de um ano chega a 76% e a do diesel a 79%.

Em 1º de novembro a categoria chegou a articular o início de uma greve, mas o governo conseguiu no STF (Supremo Tribunal Federal) uma série de liminares que proibiam o bloqueio de estradas, o que esfriou a adesão ao movimento. 

Em 2018 a greve, também chamada de Crise do Diesel, foi uma paralisação de caminhoneiros autônomos com extensão nacional iniciada no dia 21 de maio que teve impacto nas eleições em outubro.

“Hoje acumulamos uma experiência muito melhor que em 2018, quando estávamos vindo da maior paralisação da história. A gente acreditou em Bolsonaro, candidato voltado para a direita e de uma linha conservadora que falava muito sobre Deus, mas na prática nada aconteceu”, diz Chorão. “Votei no Bolsonaro, mas não voto mais. Ele já deixou claro que não está disposto e não vai fazer nada para a classe trabalhadora”.

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A ABRAVA reúne 35 mil motoristas filiados. O líder da associação disse já ter conversado com Ciro Gomes, candidato à Presidência da República, e que pretende conversar com os demais concorrentes ao Planalto como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Segio Moro (Podemos).

Chorão avalia, entretanto, que a classe está muito dividida sobre as eleições, “mas a maioria com quem conversamos, que votaram no presidente, deixaram muito claro o mesmo posicionamento que o nosso, que não votaria no presidente”.

Chorão critica a pressão de certos setores sobre o governo, que com isso pretere a categoria. Além disso, questiona a Petrobras que não prioriza “políticas públicas que permitam preços menores para a população brasileira”. 

“Além de vermos o governo entregando a matriz ferroviária para os estrangeiros, a questão da troca de frota pelo BNDES e o cartão caminhoneiro não saíram do papel. Recentemente colocaram a questão do ‘MEI caminhoneiro’, mas ele não atende a categoria porque tem como teto um faturamento de 251 mil e o caminhoneiro passa disso”, diz Chorão, lembrando que os principais problemas são os custos enfrentados pelos empresários. “Temos ainda a lei do piso mínimo de frete que define o custo mínimo operacional, que está parada no Supremo com a ADI (ação direta de inconstitucionalidade). Ou seja, nada do que foi proposto para os caminhoneiros saiu do papel, só balão apagado”, diz ele.


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