A crise do governo brasiliro com o Fundo Monetário Internacional (FMI) continua, de acordo com integrantes do Executivo brasileiro, após a gestão Jair Bolsonaro expulsar a representação permanente da instituição internacional, instalada em Brasília.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, se reuniu nesta quinta-feira com o diretor-executivo do Fundo, o brasileiro Afonso Bevilacqua, que está alinhado com a posição do governo contra a chefe do FMI, Kristalina Georgieva.
O governo brasileiro avalia que o Fundo não “respeita” o país e que há uma posição de “confronto” entre Brasília e representantes globais do órgão multilateral. Uma fonte brasileira classifica a situação como uma “guerra”.
A reunião desta quinta-feira entre Guedes e Bevilacqua é para atualizar a disputa e se serão necessárias mais medidas por parte do Brasil.
O Brasil decidiu abrir mão da representação permanente do FMI no Brasil em dezembro, depois de uma escalada de desentendimentos.
As representações do FMI nos países servem de ligação entre o Fundo e o governo local. Para nações que não possuem empréstimos da instituição, isso pode significar focar em políticas e recomendar melhores práticas econômicas.
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A decisão foi o ápice de uma crescente insatisfação com a instituição, que vinha se formando há algum tempo, segundo uma pessoa a par da situação.
Tudo começou quando a organização publicou suas estimativas econômicas de 2020 para o Brasil. Após várias discussões com funcionários do FMI sobre métricas e modelos para estimar o PIB em um momento de crise como uma pandemia, Guedes sentiu que o Fundo não levou em consideração os pontos do Brasil, disse uma fonte do governo. O PIB do país encolheu cerca de 4% em 2020, bem menos do que a contração estimada do Fundo de mais de 9%.
As coisas pioraram após a missão do FMI visitou em julho, como parte da avaliação anual do Fundo. A equipe do FMI incluiu alertas sobre os riscos ambientais do Brasil no relatório depois de não fazer perguntas sobre o assunto durante uma série de reuniões, de acordo com integrantes do governo.
De acordo com a agência Bloomberg, Bevilacqua intercedeu junto a Georgieva para tirar essa menção do relatório. No final, o FMI suavizou seu alerta sobre riscos no documento, segundo a agência.
Com a relação desgastada, o Brasil não renovou a permanência da representação do fundo no país.