PIB do país poderá ter queda após resultado negativo do setor de serviços
Redação 1Bilhão Educação Financeira
PIB do país poderá ter queda após resultado negativo do setor de serviços

A retração de 1,2% do setor de serviços na passagem de setembro para outubro já tem levado analistas a revisarem para baixo as projeções de crescimento da economia para este ano e o próximo.

O resultado coloca incertezas sobre o desempenho da atividade no quarto trimestre deste ano, momento em que era esperado que o avanço do setor de serviços, diante da vacinação e das festas de fim de ano, desse maior dinamismo à economia.

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, revela que a forte surpresa para baixo no resultado do setor de serviços diante da expectativa "já não otimista", levou à revisão de 4,5% para 4,4% para o PIB em 2021 e de 0,5% para 0,3% em 2022.

"O resultado da PMS (Pesquisa Mensal de Serviços) vem apenas confirmando nossa perspectiva ruim sobre a economia esse ano. A renda caiu e o crédito já cobra sua conta. Para 2022 a perspectiva é ainda pior, tendo em vista que o carryover (carregamento estatístico) diminui bastante", escreveu Sanchez, em comentário.

Considerado o motor do PIB, o desempenho do setor de serviços começou a ser impactado diretamente pela inflação e pela perda de dinamismo do comércio e da indústria que afetam atividades do setor.

As vendas do comércio recuaram 0,1% em outubro e a indústria caiu 0,6% no mesmo período.

Pressão inflacionária

Alberto Ramos, chefe de pesquisa macro da América Latina do Goldman Sachs, lembra que o setor de serviços era até pouco tempo atrás o principal motor de crescimento da atividade econômica, já que a indústria vem enfrentando problemas na cadeia de suprimentos.

O economista ainda espera que os segmentos de serviços mais impactados pela pandemia, como os serviços prestados às famílias, se recuperem nos próximos meses. Ainda assim, a perspectiva para o setor como um todo é de queda, mesmo com a retomada dessas atividades.

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O banco prevê queda de 1,5% para o setor de serviços no quarto trimestre deste ano, ante o terceiro.

"O rápido aumento da inflação, o aumento das taxas (condições financeiras domésticas mais apertadas), o aumento do ruído político e a incerteza política, a deterioração da confiança dos consumidores e dos negócios e a reviravolta incipiente no ciclo de crédito estão gerando ventos contrários crescentes à atividade de serviços", escreveu Ramos.

Efeito estatístico

O resultado dos serviços em outubro também frustou as expectativas da XP, que esperava uma queda mais modesta de 0,5% do setor.

Se as atividades dos serviços mais voltados às empresas decepcionaram no mês, a dinâmica dos serviços prestados às famílias devem seguir em trajetória de recuperação até o início de 2022.

A XP, por ora, estima alta de 0,2% do volume do setor de serviços na passagem de outubro para novembro. Ainda assim, a corretora coloca viés de baixa na projeção de 4,5% para o PIB deste ano.

Rodolfo Margato, economista da XP, agora espera queda de 0,2% para o PIB do quarto trimestre deste ano, já descontados os efeitos sazonais, o que implica em um carregamento estatístico - herança estatística - de 0,3 pontos percentuais no campo negativo para a variação do PIB de 2022.

A corretora mantém a projeção de variação nula (0%) para o PIB de 2022.

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