Em um cenário de crise econômica, com avanço da pobreza e da fome, o presidente Jair Bolsonaro procura, por meio de medidas que atingem a população de baixa renda, substituir o discurso antipolítica e de combate à corrupção, preponderante na campanha eleitoral de 2018, pela marca de responsável pela ampliação de programas sociais às vésperas da eleição de 2022.
A nova roupagem, presente na cerimônia de filiação de Bolsonaro ao PL há duas semanas — na qual o presidente foi apresentado como criador do “maior programa social do mundo” —, é defendida por seu filho mais velho e um dos principais estrategistas de sua campanha, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), como uma tentativa de minar a popularidade do ex-presidente Lula (PT) nas camadas mais pobres. O petista, que beira 60% de intenções de voto nesses segmentos, tem como estratégia eleitoral a “memória” de programas sociais de seu governo.
Veja quem recebe o benefício de R$ 400 esta semana.
Além do Auxílio Brasil, que substituiu o Bolsa Família neste mês com um benefício mínimo de R$ 400, e que pode totalizar um gasto de R$ 90 bilhões em 2022, Bolsonaro tem acenado com outras medidas para famílias inscritas no Cadastro Único, porta de acesso a benefícios sociais do governo.
O cadastro se destina principalmente a famílias com renda per capita mensal de até meio salário mínimo, faixa que engloba cerca de 63 milhões de pessoas, segundo dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, do IBGE. Este universo, que corresponde a 30% da população, é considerado por especialistas como decisivo para a eleição presidencial, e tem questões econômicas, a exemplo da inflação e do desemprego, como principal preocupação no momento, segundo pesquisas.