Com a alta da inflação, dos juros e da queda na renda, o quarto e mais importante trimestre do ano para o varejo não deve corresponder às expectativas que os comerciantes tinham no início do ano.
Segundo estudo feito pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o faturamento do setor deverá ser cerca de R$ 44,7 bilhões abaixo do que estava previsto no cenário mais favorável, projetado no começo do ano.
No início do ano, a CNC considerava a inflação em 3,32% (assim como a média do Boletim Focus, do Banco Central), juros ao consumidor em 40,8% ao ano, e a estimava de um faturamento de R$ 792 bilhões entre outubro e dezembro.
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Isso representaria um avanço de 4,4% no primeiro fim de ano sem as restrições da pandemia, na comparação com igual período de 2020.
A realidade agora se provou bem diferente. O índice de preços acelerou muito ao longo de 2021 e a CNC teve que rever os parâmetros.
Agora a inflação projetada para o ano é de 9,8% e os juros em crediários já estão 44% ao ano, refletindo a alta dos juros básicos pelo Banco Central para combater a alta de preços.
A combinação de perda do poder de compra e crédito mais caro afeta o consumo. A queda real da renda é estimada em 1,9%. A CNC então estima que o faturamento do comércio no país vai ficar em R$ 747,3 bilhões, uma queda de 5,6% em relação à estimativa anterior.
"Nesse cenário de inflação, fica muito difícil a Black Friday emplacar. Uma comparação feita desse ano para o ano passado, em uma avaliação de mais de 34 linhas de produtos mais procuradas na Black Friday, detectamos que apenas 26% desses itens tem um alto potencial de desconto este ano. Na edição do ano passado era de 46%. Com isso conseguimos observar como o cenário da inflação impactou a Black Friday deste ano", explica o economista-chefe da CNC e responsável pelo estudo, Fabio Bentes.