Campos Neto se diz preocupado com crescimento estrutural do Brasil
Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Campos Neto se diz preocupado com crescimento estrutural do Brasil

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira (24) que apesar de uma melhora no crescimento do país nos últimos anos, há uma preocupação em como será o crescimento estrutural no futuro.

"Quando você olha para os três anos combinados, 2020, 2021 e 2022, a média é melhor do que o esperado, mas começa a ter uma preocupação com o que é o crescimento estrutural do Brasil e como podemos fazer para melhorar isso", disse Campos Neto em um evento de um banco americano.

O presidente do BC ressaltou que há uma dúvida sobre como será o crescimento do mundo na realidade da pós-pandemia e isso faz com que se volte a uma pergunta “fundamental” de crescimento estrutural.

"Quanto o Brasil pode crescer e que tipo de crescimento estrutural o Brasil pode ter?  A questão é, quando você começa a fazer simulações com diferentes números de crescimento e níveis de juros, você chega a uma grande variedade de convergências fiscais no longo prazo", afirmou.

Segundo Campos Neto, esse é um dos pontos que traz insegurança ao mercado. Apesar de números fiscais considerados positivos nos últimos meses, como a queda na relação dívida/PIB, o mercado está inseguro sobre qual será o quadro fiscal daqui pra frente.

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"Nós estamos chegando na fase em que o mercado está questionando a habilidade do país crescer e é por isso que eu sigo dizendo que é muito importante continuar crescendo, tem muitas reformas pequenas que podem ser feitas. Esse processo precisa ser contínuo para melhorar a credibilidade de uma maneira que os agentes de mercado vão olhar para o Brasil e entender que nós podemos crescer mais do que 2% de uma maneira sustentável",  ressaltou.

O mercado vem revisando suas expectativas de PIB para baixo e inflação e juros para cima desde que o governo deu a entender que poderia pagar o Auxílio Brasil com recursos fora do teto de gastos. Com isso, os agentes têm acompanhado de perto a tramitação, no Congresso, da PEC dos Precatórios e da Medida Provisória do Auxílio Brasil.

De acordo com Campos Neto, parte do mercado viu as mudanças como um sinal de que o arcabouço fiscal estava sendo quebrado ou, no mínimo, desafiado, e é esse fator que está sendo precificado na deterioração das expectativas.

"Acredito que seja importante para o governo esclarecer isso o quanto antes para que as pessoas possam entender que não só o curto prazo está nos dando algumas surpresas positivas, mas também que nós temos um instrumento colocado que dará aos agentes de mercado a habilidade de prever o que serão os gastos no futuro", disse.

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